PM usa bombas para conter confusão em trote universitário em Bebedouro
A Polícia Militar usou balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral para dispersar estudantes que participavam de um trote universitário na noite de segunda-feira (3) em Bebedouro (381 km de São Paulo).
O trote acontecia na rua, próximo a um bar localizado na esquina do Unifafibe (Centro Universitário de Bebedouro). Cerca de 250 pessoas estavam no local, segundo relato de testemunhas.
Assista ao vídeo em tablets e celulares
O comando da polícia na cidade afirmou que a ação foi uma reação contra um grupo de alunos que atirou garrafas de vidro nos policiais que foram até o local atender a uma ocorrência de perturbação do sossego feita por moradores.
Dez estudantes foram atendidos no hospital municipal, sendo sete com suspeita de intoxicação e uso de bebida alcoólica, um vítima de tiro de bala de borracha e dois por embriaguez, segundo o médico da unidade Felipe Sebastião de Melo Branco.
De acordo com alunos, o trote começou às 19h e por volta das 21h40 a polícia chegou ao local. Os vizinhos reclamavam do barulho excessivo, de brigas entre os alunos e do fechamento de vias públicas no entorno.
Segundo relato de estudantes, os veteranos –como são chamados os estudantes mais velhos na faculdade– raspavam o cabelo dos calouros, pintavam os rostos e cortavam as roupas.
Alguns ainda eram obrigados a ingerir bebida alcoólica.
"Não era uma brincadeira. As pessoas eram forçadas a fazer o que os veteranos mandavam. Vi meninas com o sutiã para fora, blusa rasgada", disse um calouro do curso de direito, de 22 anos, que pediu para não ser identificado.
Fernando Oliveira/"O Jornal" | ||
Estudantes se concentram nas ruas próximas ao Centro Universitário de Bebedouro após ação da PM |
Renan Augusto Pereira, 20, dono do bar onde ocorria o trote, afirmou que fechou o local assim que começou o tumulto.
Ele disse ter tido cerca de 240 garrafas de cerveja quebradas durante o confronto com a polícia.
"Da sala de aula a gente via os alunos arremessando garrafas de vidro contra a polícia, e também contra eles mesmos", disse o calouro.
Já o estudante William Lemos de Melo, 27, afirmou que a ação da polícia foi "desproporcional" e que os alunos só reagiram após a polícia ter lançado as bombas.
"As pessoas correram, teve quem caiu no chão e foi pisoteado. Todo mundo ficou em pânico porque a resposta da polícia foi desproporcional", disse Melo, estudante do quarto ano do curso de sistema de informação.
Vizinhos disseram que o trote ocorre há anos na instituição e que sempre causa perturbação.
"É um excesso de bebida alcoólica e um perigo, porque eles usam tesouras", disse um vizinho.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade