Para coronel da PM, problema da segurança não é falta de policiais
"Discutir aumento de efetivo policial é muito simplista."
A afirmação é do coronel José Roberto Malaspina, comandante da Polícia Militar na região de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo).
Em entrevista à Folha, ele afirmou que a cidade não precisa de mais policiais militares e que o contingente atual –de 1.100 homens– é o suficiente para garantir a segurança da população.
Dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública mostram que, no ano passado, o número de roubos e furtos (incluindo assaltos a bancos, cargas e veículos) aumentou 2%. Foram 64.965 registros em 2012, ante os 66.433 casos de 2013.
Edson Silva - 31.jan.2014/Folhapress | ||
O coronel José Roberto Malaspina, comandante do CPI-3, na região de Ribeirão Preto |
"Vejo especialistas falando que precisamos ter mais policiais. Eu atuo há 33 anos nas ruas. Na minha opinião, não faltam policiais. Esse discurso de que falta pessoal é muito básico, simplista."
De acordo com ele, um dos principais problemas que dificultam o trabalho da polícia são as leis brandas.
"Todo mundo fala em sensação de insegurança. O problema é a sensação de impunidade. Você prende o cara num dia, no outro ele está na rua", afirmou o coronel.
Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), o ideal é que haja 250 policiais para cada grupo de 100 mil habitantes. Levando em consideração essa conta, Ribeirão deveria ter 2.600 policiais –hoje, tem 1.100.
Para Malaspina, a entidade leva em consideração todos os setores da polícia (científica, bombeiros, ambiental e rodoviária).
"Se contarmos todas as áreas da polícia, chegamos ao índice da ONU, mas só isso não adianta. Pode colocar um carro em cada quarteirão. Vai acabar o crime? Não", afirmou o comandante.
Se os roubos e furtos aumentaram, o número de vítimas de homicídios caiu (18%). Em 2012, foram 339 mortes, ante os 279 de 2013.
Ele afirmou que a recomendação em 2013 foi para que os policiais aumentassem a abordagem de pessoas para procurar armas de fogo e armas brancas, como facas.
"Cobramos uma maior abordagem de pessoas e veículos em locais onde havia mais incidência desse tipo de crime. Isso ajudou a diminuir os homicídios", disse.
Segundo ele, no entanto, 2012 foi um ano atípico, com mortes ocasionadas por conflitos envolvendo o crime organizado e a polícia.
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