Jornada de trabalho e esforço físico aumentam no campo
O avanço da mecanização no corte de cana-de-açúcar no Estado reduziu o desgaste físico e as condições degradantes dos cortadores manuais, mas novas irregularidades trabalhistas e problemas sociais surgiram.
Pesquisa de 2013 do Instituto Observatório Social, em parceria com o Dieese (Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos), destacou a discriminação de gêneros, jornada excessiva e a alta no esforço físico dos que seguem na colheita manual.
Já o Ministério Público do Trabalho apontou 63 investigações na região, no mesmo ano, de supostas irregularidades trabalhistas.
A coordenadora da pesquisa do instituto, Lilian Arruda, diz que uma das principais preocupações é com a terceirização dos trabalhadores.
"Ela camufla a precarização das condições de trabalho e a responsabilidade direta das empresas contratantes sobre essa situação."
Atualmente, os cortadores manuais de cana-de-açúcar ficaram em sua maioria restritos às pequenas propriedades, com menos de 150 hectares, e áreas não mecanizáveis –em que o desnível do terreno não permite a operação de máquinas.
No entanto, o esforço dos trabalhadores aumentou nos últimos 30 anos, desde o Levante de Guariba.
Em 2014, além do marco das três décadas da greve na cidade, o setor sucroenergético vive quase o fim da presença de trabalhadores migrantes, ao menos para o corte da cana.
Isso foi fruto do protocolo agroambiental assinado com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente, em 2007.
SINDICALISMO
A mudança gradativa no sistema da colheita de cana reduziu de 7.000 para 970 o número de boias-frias em Guariba (337 km de São Paulo) desde os anos 1980 e fortaleceu o sindicalismo na região de Ribeirão.
Guariba, por exemplo, não tinha sindicato próprio na época da greve. O movimento foi planejado pelos boias-frias e só depois apoiado pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jaboticabal.
Depois do levante, cerca de 30 sindicatos de trabalhadores rurais surgiram na região. Antes, eles se restringiam a sete, em cidades maiores.
Os que ainda estão no setor viram e evolução no dia a dia a partir da batalha.
Hoje, o transporte é feito em ônibus, há equipamentos de proteção, as empresas fornecem facões e os salários melhoraram.
Para a pesquisadora Maria Aparecida de Moraes Silva, no entanto, o desgaste físico permanece e tem sido ainda maior para as mulheres.
"A diferença de tratamento entre homens e mulheres é gritante, como há 30 anos. Elas continuam com salários menores e enorme desgaste físico."
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