Ribeirão Preto corta hora extra de agentes de trânsito
A Transerp (empresa de transporte urbano) cortou a realização de horas extras dos 42 agentes de trânsito responsáveis por fiscalizar o tráfego dos 482 mil veículos nos 2.000 quilômetros de malha viária de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo).
De acordo com William Latuf, superintendente da Transerp, a medida é uma das implantadas para a redução de gastos que foi solicitada pela prefeita Dárcy Vera (PSD) a todas as secretarias e autarquias do município.
A prefeitura afirma ter débitos com fornecedores que ultrapassam R$ 60 milhões. Por isso, anunciou no início do mês um pacote contra crise que inclui, além de cortes, o bloqueio de investimentos.
Latuf disse que a redução não irá diminuir a fiscalização na cidade. Ribeirão já tem um deficit de cerca de 440 agentes de fiscalização, de acordo com a recomendação do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), que prevê um agente para cada mil veículos.
Para especialistas em trânsito, motoristas e comerciantes do centro de Ribeirão, a redução das horas extras dos agentes deve impactar na fiscalização do trânsito.
"Ribeirão já tem um número extremamente pequeno de agentes para sua frota e o tamanho da cidade. Tirando as horas extras, com certeza o motorista vai sentir redução de fiscalização e orientação", disse José Bernardes Felex, especialista em trânsito.
Edson Silva/Folhapress | ||
Agente de trânsito, conhecido como marronzinho, opera radar em via de Ribeirão Preto |
Para Carlos Alberto Bandeira, especialista em engenharia de transportes, uma fiscalização atuante ajuda a coibir excessos e imprudências no trânsito.
Comerciantes e motoristas do centro de Ribeirão Preto reclamam, principalmente, da falta de fiscalização no cumprimento da Zona Azul.
O comerciantes Julio Ferreira, 27, que trabalha na rua Barão do Amazonas, disse raramente ver agentes multando motoristas que estacionam no local sem o talão do estacionamento rotativo.
"Há quatro dias não vejo nenhum agente aqui. Aos sábados, a fiscalização é ainda pior", disse Ferreira.
Segundo Latuf, o corte de horas extras atinge a todos os funcionários da Transerp. Porém, a maior parte das horas extras, de acordo com ele, é feita pelos agentes de fiscalização, principalmente aos finais de semana, em função do número pequeno de servidores para a função.
O gasto com horas extras na Transerp equivale a até 7% da folha de pagamento.
Ainda de acordo com o superintendente, as horas extras terão que ser justificadas pelo responsável pelo departamento. "A situação financeira da Transerp é boa, mas sempre aderimos a medidas de economia", disse Latuf.
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