Bairros ricos concentram focos do mosquito da dengue em Ribeirão
Sete bairros da zona sul de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), área mais rica da cidade, apresentam os maiores índices de foco de mosquito da dengue.
A situação coloca o município em estado de alerta em relação ao mosquito Aedes aegypti, de acordo com critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde.
Conforme levantamento feito pela Vigilância Epidemiológica de Ribeirão Preto, a cada cem imóveis vistoriados na região, em 4,57 deles foram identificados criadouros com larvas do mosquito transmissor da dengue, conforme o Índice de Breteau, que mede a infestação.
Editoria de Arte/Folhapress |
O índice está acima da média da cidade, de 1,92 a cada cem imóveis visitados –o ideal é que fique abaixo de 1.
A explicação da prefeitura para esses números é que, nessa região, há casas construídas em áreas maiores e que têm quantidade significativa de vasos, com acúmulo de água, e plantas, especialmente bromélias.
Por outro lado, dez bairros localizados na zona norte de Ribeirão Preto, periferia da cidade, foram os que apresentaram os menores índices de criadouro: 0,32 a cada cem imóveis visitados.
Apesar de bairros da região, como o Jardim Paiva, terem ficado sem água neste ano por causa de problemas no abastecimento, a Prefeitura de Ribeirão informou que isso não está relacionado ao baixo número de criadouros encontrados na área.
Para o professor de biologia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Carlos Fernando de Andrade, é comum que em bairros nobres haja mais focos com larvas do mosquito transmissor da doença porque há maior dificuldades dos agentes de saúde em realizar as vistorias nos imóveis.
"Ou as casas estão sempre fechadas ou somente com as empregadas, que não permitem a entrada", disse.
Em outubro deste ano, Ribeirão Preto teve dez casos confirmados de dengue. O número ultrapassa o de outubro de 2012, quando houve sete registros da doença.
Nos anos de 2010, 2011 e 2013, o número de casos confirmados de dengue foi maior.
Edson Silva/Folhapress | ||
Funcionário da Secretaria da Saúde de Ribeirão Preto vistoria bueiro no Presidente Dutra |
Mesmo com a estiagem histórica que atingiu o Estado de São Paulo neste ano, Ribeirão Preto registrou casos de dengue inclusive nos meses mais secos, como junho e julho –46 e 36 casos, respectivamente.
"Nesses meses [de estiagem] os casos de dengue deveriam cair. Isso significa que o homem está mantendo esses criadouros. Não é culpa da chuva, nem de São Pedro", afirmou Andrade.
PROVIDÊNCIAS
Diante deste cenário, a Prefeitura de Ribeirão Preto informou que será priorizado o atendimento de casos suspeitos e confirmados de dengue, além da realização de visitas de casa em casa e nebulização nos bairros.
Por meio de nota da CCS (Coordenadoria de Comunicação Social), a administração informou que o "controle da dengue atualmente é uma atividade complexa" e que é uma ação de responsabilidade coletiva.
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