Sem recurso, Santas Casas da região de Ribeirão atendem menos
Com atendimento reduzido, as Santas Casas de Serrana (a 313 km de São Paulo) e Patrocínio Paulista (a 413 km de São Paulo) são as que mais sofrem com a crise que atinge os hospitais filantrópicos da região.
A situação é preocupante também em outras unidades, mas os serviços oferecidos à população ainda não foram afetados. É o caso das Santas Casas de Franca (a 400 km de São Paulo), São Carlos (a 232 km de São Paulo) e Araraquara (a 273 km de São Paulo), que funcionam no limite de gastos.
Gestores dos hospitais disseram que este período do ano é crítico, já que há o pagamento de décimo terceiro salário e de férias.
Edson Silva/Folhapress | ||
Panfleto na portaria da Santa Casa de Serrana pede doações para ajudar a superar a crise |
O quadro é agravado por causa do atraso no repasse de verbas do Ministério da Saúde referentes aos serviços de média e alta complexidade.
Pelo menos 70% do valor devido deveria ter sido pago até o dia 10. O dinheiro só foi liberado na terça-feira (16). Segundo o governo federal, o restante será transferido nas "próximas semanas".
Serrana, com quase R$ 6 milhões em dívidas, reduziu os atendimentos. O hospital teve que fazer uma campanha para arrecadar dinheiro para pagar os salários e o décimo terceiro dos funcionários.
Mais de 13 mil boletos foram enviados a moradores e empresários para pedir doações. Em dez dias foram arrecadados R$ 15 mil. A ação vai até o dia 31 deste mês.
Na unidade, o número de atendimentos caiu 37,5%, de 400 para 250 por dia. O hospital trabalha ainda com um quadro de funcionários 20% menor (123) que o ideal, segundo o provedor do hospital, Marcelo Pereira.
Em Patrocínio Paulista o gerente da Santa Casa, Geter Simão Ferreira, anunciou que o hospital, de 106 anos, corre risco de fechar.
A prefeitura vai assumir a gestão no próximo ano, já que o Ministério Público do Trabalho exigiu a contratação de trabalhadores concursados.
Em Franca, o diretor da Santa Casa e diretor regional da Fehosp (Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de SP), José Cândido Chimionato, disse que "é um absurdo" o governo atrasar os repasses.
"Em janeiro, pode ser que a gente sinta o reflexo dessa demora e reduza a capacidade de atendimento."
Gilberto Brina, diretor da Santa Casa de São Carlos, disse que a folha de pagamento dos funcionários está em dia, mas o atraso no repasse vai comprometer outros débitos.
Em Araraquara a situação só não é ruim porque a Santa Casa se programou, de acordo com superintendente do hospital, Jader Pires.
Em Ribeirão Preto a situação está equilibrada.
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