Crack chega a filhos de boias-frias na região de Ribeirão Preto
O crack, disseminado nos grandes centros urbanos, tem feito novas vítimas em cidades com menos de 40 mil habitantes. São crianças e adolescentes, filhos de trabalhadores rurais, os mais recentes alvos dos traficantes.
Em cidades como Guariba, Gavião Peixoto (a 306 km de São Paulo), Nova Europa (a 317 km de São Paulo) e Rincão (a 291 km de São Paulo), na região de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), assistentes sociais que atuam no atendimento a dependentes químicos afirmam que a droga tem avançado entre os jovens.
Com os pais na lavoura, eles se reúnem em redutos frequentados por traficantes, como praças e casas abandonadas. Começam como "aviãozinho", ganhando para transportar droga, e depois se tornam usuários.
Em Nova Europa, o número de adolescentes atendidos por envolvimento com entorpecentes pela assistência social do município triplicou em 2014. Atualmente, seis jovens são atendidos.
Edson Silva - 9.dez.2014/Folhapress | ||
Jovem com os pais em Gavião Peixoto, após participar de grupo para dependentes químicos |
"Há envolvimento com outras drogas, como a cocaína, mas o crack é uma constante por ser mais barato", disse a secretária da Assistência Social, Lidiane Rodrigues.
Segundo as autoridades policiais, o baixo custo da droga e a capacidade de criar a dependência rapidamente é o que faz o crack avançar entre os jovens do interior.
"Porém, aquele preço deixa de ser barato rapidamente, porque a pessoa passa a precisar usar a droga várias vezes ao dia", disse o delegado seccional de Araraquara, Fernando Luiz Giaretta.
Márcio Servino, presidente do Comadi (Conselho Municipal de Políticas de Combate a Drogas) de Araraquara (a 273 km de São Paulo), disse que a droga tem avançado em toda a região.
"Aqui, a droga é muitas vezes mais barata que uma lata de cerveja e, por isso, se alastra facilmente", afirmou.
De acordo com Servino, o valor da pedra de crack varia entre R$ 3 e R$ 5 na região.
O que surpreendeu profissionais da área é que, diferentemente de outras drogas pesadas, na maioria das vezes o crack é o primeiro entorpecente que o jovem usa.
"Atendemos um menino de 10 anos. Ele não chegou a experimentar maconha ou álcool, foi direto para o crack", disse Ilza Aparecida Dantas, chefe do setor de Saúde Mental de Guariba.
Em Gavião Peixoto, a Secretaria da Assistência Social iniciou há cinco anos um grupo de convivência que atende 30 dependentes.
Entre eles estão três meninas, com idades entre 15 e 16 anos, que já passaram por ao menos uma internação compulsória por abuso de maconha, cocaína, crack e álcool.
Para o delegado seccional de Ribeirão, João Osinski Júnior, o tráfico avança por falta de oportunidades.
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