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"Se eu fosse estudante, estaria procedendo da mesma forma", diz reitor da PUC
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JOELMIR TAVARES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Primeiro colocado na eleição para a reitoria da PUC-SP e depois preterido para o cargo, o atual reitor, Dirceu de Mello, 81, disse entender as razões dos alunos da universidade, que iniciaram greve na terça-feira (13).
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"Se eu fosse estudante, estaria procedendo da mesma forma. Os universitários de hoje sabem perfeitamente aquilo que é certo e o que é errado", afirmou.
A manifestação começou após a nomeação como reitora da terceira colocada na eleição, Anna Maria Marques Cintra. Ela foi escolhida pelo cardeal dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo e grão-chanceler da PUC.
Nessa quarta-feira (14), professores e funcionários também aderiram à paralisação, em protesto contra a atitude do cardeal.
Por enquanto, a greve está restrita ao campus Perdizes (zona oeste), mas deve se estender a outras unidades.
Para Dirceu de Mello, o fato de estudantes, docentes e funcionários estarem no movimento contrário mostra que "todos na universidade ficaram decepcionados com esse desfecho".
"Eu fiquei decepcionado e triste. Não esperava, sinceramente, que isso pudesse acontecer. Eu imaginava que, como primeiro colocado, seria nomeado. Fiquei surpreso", disse.
Para nomear a candidata menos votada, dom Odilo exerceu a prerrogativa de escolher um nome a partir de uma lista tríplice, como prevê o estatuto da universidade.
A medida, na opinião do atual reitor, pode prejudicar a futura gestão. "Acredito que um reitor nessas condições nunca estará numa situação plenamente confortável. Se eu não ficar em uma eleição em primeiro lugar, eu não aceito", afirmou Mello.
Em agosto, os três candidatos à reitoria assinaram um documento se comprometendo a não assumir o posto caso não vencessem a eleição, no mês seguinte.
OCUPAÇÃO
O atual reitor declarou que não vai criminalizar nenhum dos estudantes pelos protestos no campus Perdizes. Na terça, um grupo de alunos ocupou o prédio da reitoria. O local foi liberado um dia depois. Não houve registros de depredações.
Alunos que lideram a greve dizem que Anna Cintra foi escolhida por dom Odilo Scherer por ser alinhada a interesses da arquidiocese.
Segundo Dirceu de Mello, a Igreja Católica não interfere na administração da PUC.
"A PUC mantém uma independência, até por questão de estatuto. Nunca houve qualquer tipo de constrangimento. Se houvesse, eu nem teria me candidatado."
O atual reitor diz que vai cumprir seu mandato até o fim, no próximo dia 29, e que depois o cargo ficará à disposição de quem o cardeal escolher.
O calendário acadêmico está paralisado. Os estudantes dizem que só vão suspender a greve depois da retirada da nomeação de Anna Cintra.
Do lado dos professores e funcionários, a estratégia é pressioná-la a rejeitar a nomeação e não tomar posse.
Nessa quarta-feira, a assessoria de imprensa de dom Odilo Scherer informou que a decisão dele está mantida.
Em nota, a Fundação São Paulo, mantenedora da PUC, reafirmou que "a escolha do reitor e do vice-reitor é prerrogativa do cardeal".
A PUC-SP está em recesso até terça-feira. Na quarta-feira, os alunos vão fazer uma reunião. Eles convidaram os três candidatos e representantes dos professores, funcionários e fundação.
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