Professores e funcionários da PUC-SP também entram em greve
Os professores e funcionários da PUC-SP decidiram, em assembleias realizadas na noite desta quarta-feira (14), aderir à greve iniciada ontem pelos estudantes.
A manifestação começou ontem, após a nomeação da professora Anna Maria Marques Cintra, 73, como reitora. Terceira colocada na eleição, ela foi escolhida pelo cardeal dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo e grão-chanceler da PUC.
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"Queremos que o candidato mais votado seja empossado, respeitando a vontade da comunidade universitária", disse Victoria Weischtordt, presidente da Apropuc (associação de professores).
O atual reitor, Dirceu de Mello, foi o primeiro colocado entre os três candidatos.
Para nomear Anna Cintra, dom Odilo exerceu a prerrogativa de escolher um nome a partir de uma lista tríplice, como previsto no estatuto da universidade.
Os professores devem começar a se reunir na sexta-feira para definir as ações durante a paralisação. Eles já chegaram a um acordo sobre a publicação de um manifesto repudiando a atitude do cardeal.
A greve, por enquanto, está restrita ao campus Perdizes (zona oeste), mas deve se estender a outras unidades.
A Afapuc (associação dos funcionários) informou que os membros já interromperam o trabalho e vão se juntar aos manifestantes na próxima quarta-feira, quando a PUC-SP retoma as atividades, após o recesso do feriado.
"[A nomeação] foi um golpe, uma atitude desleal, desrespeitosa", disse Nalcir Ferreira Junior, presidente da entidade.
Para ele, a atitude de dom Odilo Scherer "manchou a história de luta pela democracia da universidade".
A Fundação São Paulo, mantenedora da PUC-SP, divulgou nota na noite de na qual declara que "a escolha do reitor e do vice-reitor é prerrogativa do cardeal, conforme estabelece o estatuto da universidade".
No comunicado, a fundação e a PUC-SP dizem reafirmar "seu compromisso com a liberdade de expressão e com o cumprimento de seus estatutos".
Os estudantes prometeram liberar ainda hoje o prédio da reitoria, que foi ocupado ontem à noite.
INTERESSE
Segundo alunos que lideram a greve, Anna Cintra foi escolhida por ser alinhada a interesses da arquidiocese.
"Ela não foi nomeada reitora, mas sim interventora", afirmou o aluno Roberto de Oliveira, 22, da comissão de comunicação da greve. "A linha defendida pela fundação inclui aumento de mensalidades, demissões, terceirizações, além de uma defesa do estatuto da igreja acima da liberdade de cátedra."
Um estudante de jornalismo de 23 anos, que pediu para não ter o nome divulgado, disse querer "que o resultado da eleição seja respeitado", embora ele não tenha votado em nenhum candidato.
"Dirceu Mello não tem aprovação unânime, mas pelo menos teremos como fazer cobranças à gestão dele, porque será uma gestão legítima", afirmou uma aluna do curso de direito, de 21 anos, que também não quis ser identificada.
Para Marcelo Figueiredo, diretor da Faculdade de Direito -uma das primeiras a aderir à greve, antes das assembleias da noite-, "o cardeal desconsiderou a vontade da comunidade" e houve "quebra do princípio democrático na universidade".
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