Greve segue, e professores de SP devem bater recorde de dias parados
Mesmo com a greve enfraquecida pela baixa adesão e com a falta de negociações com o governo de São Paulo, os professores da rede estadual decidiram manter a paralisação, que já dura 75 dias.
A decisão foi tomada em assembleia nesta sexta (29) no centro de São Paulo.
Como a próxima reunião da categoria será apenas na próxima quarta (3), a atual greve entrará para a história como a mais longa dos docentes da rede paulista.
Na quarta, a atual paralisação se igualará à maior da história –80 dias, em 1989.
A atual greve foi aprovada em 13 de março, uma sexta-feira, em meio a ato em defesa de direitos trabalhistas que reuniu diferentes sindicatos e movimentos sociais e também serviu de apoio ao governo da presidente Dilma (PT). A greve, na prática, começou na segunda-feira seguinte (16).
A rede paulista tem 5.300 escolas, 230 mil professores e 4 milhões de estudantes –parte deles sem aulas há dois meses e meio e ainda sem nenhum plano para reposição.
Editoria de Arte/Folhapress |
Na assembleia desta sexta, alguns membros do sindicato dos professores defenderam o fim da greve, mas a maioria votou pela continuidade.
"Não há como negar o arrefecimento do movimento, o governo está descontando o salário. Mas os professores querem continuar. E a adesão ainda está em 30%, não é pouco", disse a presidente do sindicato, Maria Izabel Noronha.
"Mas acho que temos de analisar nestes próximos dias a adesão e a forma de reposição [das aulas]", completou.
Segundo levantamento do sindicato, a adesão dos professores à paralisação, agora em 30%, era de mais de 60% em abril. A conta do governo Geraldo Alckmin (PSDB) é bem diferente –apenas 4% dos professores aderiram.
EQUIPARAÇÃO
Os grevistas pedem reajuste de 75,33%, percentual suficiente para equiparar o salário dos professores ao dos demais profissionais com ensino superior no Estado, nos cálculos do sindicato.
O governo não apresentou proposta de aumento. Diz que divulgará um plano entre junho e julho, quando o último reajuste completar um ano.
A gestão Alckmin alega ainda que concedeu 45% de reajuste em quatro anos.
Parte desse percentual, porém, se refere à incorporação de gratificação ao salário-base, que beneficia aposentados (que não ganham gratificação), mas tem impacto quase nulo para servidores ativos.
Além disso, nos quatro anos, a inflação foi de 16%, segundo o indicador IPC-Fipe, em São Paulo. O governo afirma ainda que precisa de mais tempo para avaliar a situação econômica do Estado.
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