Estudantes usam aplicativos como preparação para vestibular e Enem
Gabriel Robba, 23, aluno de direito da UFF (Universidade Federal Fluminense), quer passar em medicina, mas mantém distância dos cursinhos. O método escolhido por ele está na palma da mão: aplicativos no celular com questões de vestibular e resumos, usados por milhares de estudantes no Brasil.
"Eu não teria tempo de fazer cursinho", diz Robba, que tem a quinta maior pontuação do AppProva, jogo de questões para vestibular com mais de 500 mil downloads.
O app sorteia perguntas do Enem e outros exames, pontuando acertos com bônus para quem terminar em menos de três minutos (tempo recomendado em vestibular).
Para Ana Clara de Araújo Santos, 17, que usa o AppProva no colégio Santo Agostinho, os aplicativos tornam o estudo mais prático. "É personalizado, dá para saber o que você tem de estudar mais. Em vez de simplesmente recomendar estudar história, já recomenda Segunda Guerra Mundial, por exemplo."
Joel Silva/Folhapress | ||
Ana Clara Santos, 17, no colégio Santo Agostinho, em São Paulo |
No Santo Agostinho, o uso do aplicativo foi implementado como uma forma de "desenvolver a autonomia do estudo sem obrigatoriedade", segundo o coordenador Thiago Rennó. A escola agenda alguns simulados no app.
COMPETIÇÃO
A proposta dos aplicativos preferidos pelos vestibulandos é tornar o estudo mais parecido com um jogo, envolvendo o aluno numa competição por pontos.
Com 1,3 milhão de usuários, o Qranio é uma espécie de jogo de perguntas e respostas com várias categorias. O jogador pode trocar pontos por prêmios, como vouchers ou bolsas de estudos.
"Em vez de jogar jogos burros, a pessoa aprende", afirma Samir Iásbeck de Oliveira, criador do Qranio.
Appprova | Estudavest | Enem e vestibulares 2015 | Qranio | Studos | |
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De onde eu acesso? | Android, Desktop e IPhone | Android, Desktop e IPhone | Android | Android, Desktop, IPhone e Windows Phone | Android, Desktop e IPhone |
O que é? | Faz simulados em formato de jogo, com pontuações, provas e estatísiticas | Jogo de conhecimentos gerais em que os acertos valem moedas que podem ser trocadas por prêmios | Oferece simulados, videoaulas, apostilas e orientações para os alunos | Jogo de conhecimentos gerais em que os acertos valem moedas que podem ser trocadas por prêmios | Banco de questões de vestibular que funciona como um organizador de estudos personalizado |
Nota10 | Estimula o aluno a controlar o tempo, tem parceria com escolas que agendam simulados | Banco de dados amplo e campo de comentários nas questões | Mais completo que outros apps com bancos de dados de questões | É dinâmico, a sensação é mais de jogar do que estudar um simulado | Apresenta um sistema de metas que ajuda a estimular os alunos |
Nota 0 | Não tem outras funções além dos simulados, como resumos ou agenda | A interface poderia ser melhor e mais fluida | Sem pagar, o acesso é restrito à primeira aula de cada matéria | Algumas seções, como a do Enem, são pagas com as próprias moedas do aplicativo | Interface pode ser confusa |
Quanto custa? | Grátis | Acesso ilimitado por R$ 47,40/semestre | R$ 24,90 para ter acesso ilimitado | Grátis | Grátis |
Antonio Carlos Xavier, professor de linguística da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), vê o uso dos aplicativos de estudo como algo natural, já que os jovens "vivem com o celular na mão". "A aquisição do conhecimento não está mais concentrada na escola. O papel do professor precisa mudar, com aulas mais reflexivas e menos expositivas", afirma Xavier.
Para Nelson Pretto, professor da faculdade de educação da UFBA (Universidade Federal da Bahia), novas tecnologias são úteis quando os alunos as usam para produzir conteúdo, e não somente consumi-lo, como é o caso de alguns aplicativos. "Nós não queremos a mesma escola de antes com tecnologia", diz.
Além de aplicativos com questões de vestibulares, os alunos procuram também correção de redações a distância como reforço ao conteúdo trabalhado nas escolas na preparação para o Enem.
Os serviços, no entanto, ainda dependem do uso de computadores, não funcionando apenas em aplicativos.
Um exemplo disso é o site Imaginie, que, segundo seu criador, Daniel Machado, recebe cerca de 5.000 redações por mês. Cada uma delas é corrigida por R$ 9,90.
É possível mandar uma foto do texto a ser corrigido direto do celular, mas a opção requer cadastro prévio no site, usando um navegador. Outro serviço do tipo é o Redação Online, que cobra R$ 15,90/mês para entregar ao aluno oito correções.
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