Governo de SP, agora, quer ouvir professor sobre bonificação
Após a suspensão do pagamento de bônus deste ano aos professores e servidores da educação paulista, a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) decidiu iniciar uma consulta na rede para que os profissionais escolham entre receber a gratificação ou um reajuste salarial estimado em 2,5% pela secretaria da Educação.
A enquete foi divulgada nesta terça (29), em mensagem na intranet dos servidores da educação paulista. O secretário da Educação, José Renato Nalini, afirmou à Folha que a pasta decidiu pela consulta depois de receber manifestações de servidores contrários à suspensão do bônus. Historicamente, os sindicatos da categoria são críticos da bonificação, mas criticam a proposta de reajuste salarial de apenas 2,5%.
Marlene Bergamo/Folhapress | ||
Em junho de 2015, professores da rede estadual saíram de uma greve de 89 dias sem reajuste |
"Eles [Apeoesp, principal sindicato dos professores] fizeram a proposta. Em vez de bonificação, que premia apenas uma parcela do magistério, a classe preferiria que esse dinheiro fosse convertido em reajuste linear, igual para todos", disse Nalini. De acordo com a secretaria, a queda na arrecadação e a crise econômica levaram a uma redução no valor destinado ao bônus neste ano –R$ 500 milhões, ante R$ 1 bilhão no ano passado.
"Quando pegamos o dinheiro reservado ao bônus e fizemos o cálculo do que caberia a cada servidor, nós vimos que o máximo seria 2,5%", completa Nalini. A adoção de bonificação por desempenho é parte central da política educacional do Estado. Criada em 2008, é a primeira vez que não é paga.
A categoria também está sem reajuste desde julho de 2014 e fez, no ano passado, uma greve que durou 89 dias. A inflação acumulada pelo IPCA no período é de 16%.
A Apeoesp afirma que a consulta foi unilateral. Defende que esse debate seja realizado na assembleia da categoria, no próximo dia 8. "A consulta significa que o governo não tem norte", afirmou a presidente da entidade, Maria Izabel Noronha. Os servidores podem responder à enquete até as 14h desta quinta (31). Segundo Nalini, o resultado da consulta não será definitivo, e sim mais um elemento considerado.
frustração
O anúncio da suspensão do bônus frustrou os servidores da educação, que contavam com o dinheiro, pago anualmente sempre em março. "Fazia dois anos que a escola não batia a meta no [ensino] fundamental. Agora que conseguimos, o governo cancela. Foi um balde de água fria", afirmou o professor Paulo Lucchini, 40, em referência às metas do último Idesp –índice de qualidade do Estado adotado como critério para o pagamento.
A situação é pior para quem é agente escolar –com salário-base menor, o bônus faz mais diferença no caso deles. "A notícia foi péssima", disse a agente escolar de uma escola do centro da capital que pediu para não ser identificada. Há nove anos na rede, ela tem salário-base de R$ 1.000 e recebeu em 2015 um bônus de R$ 1.400.
No ano passado, 232 mil servidores receberam um total de R$ 1 bilhão em bônus. Há casos em que os profissionais recebem até três salários.
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