Escolas criam disciplina sobre atualidade para o vestibular
Reinaldo Canato / Folhapress | ||
Aula de atualidades no colégio Agostiniano Mendel, em São Paulo |
Para atender aos vestibulares que cobram cada vez mais temas da atualidade, escolas e cursinhos criaram disciplinas que ajudam os estudantes a entender o noticiário.
"A atual geração é conectada, mas ainda depende da nossa intermediação para se informar", afirma a professora de geografia Bárbara Pinheiro, que dá aulas semanais sobre o noticiário no colégio Agostiniano Mendel (zona leste de São Paulo).
Rafael Luna, 17, do terceiro ano do Mendel, diz que faltam tempo e interesse. "Não é comum adolescente gostar de notícia", diz o estudante, que lê a Folha e "O Estado de S. Paulo" aos domingos.
Para o professor de história Thomas Wisiak, que ministra um curso de atualidades no curso pré-vestibular Etapa (zona sul), as aulas são um "empurrãozinho" para que o aluno acompanhe notícias por conta própria. "Eles estão envolvidos em um objetivo de curto prazo, o vestibular, não percebem o peso que as notícias têm na vida deles", diz Wisiak.
A Folha acompanhou aulas de atualidades nos cursinhos Poliedro (zona sul) e Anglo Tamandaré (centro). No Poliedro, o professor de história explicou a reaproximação entre EUA e Cuba, dando o contexto histórico da revolução, a crise dos mísseis e a criação de Guantánamo.
Já o professor de geografia do Anglo falou sobre os blocos econômicos e como se chegou à intenção do Reino Unido de sair da União Europeia, o "brexit".
O foco dos cursinhos é ensinar o estudante a relacionar presente e passado, habilidade exigida na Fuvest e no Enem. A redação do Enem também cobra temas atuais, como intolerância religiosa (2016), publicidade infantil (2014) e o efeito da "lei seca" no trânsito (2013).
Não foi só a rede privada que se adaptou. Na Escola Estadual Casimiro de Abreu (zona norte), há o curso optativo "Impressões da Imprensa", muito procurado. "Os estudantes têm resistência a alguns meios de comunicação, são muito desconfiados", diz a professora de português Rita Lobo, que coordena a atividade, aberta para alunos de todas as séries.
Ela diz que os estudantes se interessam bastante pelas notícias, mas têm dificuldade em ler alguns textos, como os editoriais e as notícias de economia.
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