Pesquisadores criam a partir do cérebro relógio que mede a felicidade
Quase 300 grupos de pesquisa registrados na agência federal de fomento à ciência CNPq desenvolvem algum tipo de estudo de neurociência em áreas bem diversificadas. Na prática, todos querem entender a mesma coisa: o funcionamento do cérebro.
A chamada neurociência concentra gente graduada da matemática à literatura, passando por física, química, biologia e até artes cênicas.
Esse é o caso de um grupo de cientistas da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Lá, a atriz e psicológica Dorys Calvert, o terapeuta ocupacional e docente José Otávio Motta Pompeu e seus colegas estão desenvolvendo uma espécie de "relógio" que pode indicar as emoções às pessoas, um trabalho complexo em neurociência.
Eles conseguiram, com a ajuda de atores, mapear a resposta do corpo (como suor e temperatura) a diferentes emoções. Depois, desenvolveram um sistema computacional: o tal relógio, que indica se a pessoa está feliz ou triste, por exemplo.
O objetivo é ajudar pessoas do espectro autista que não conseguem compreender suas próprias emoções, cerca de 5% da população mundial.
"Hipoteticamente, se todos usassem o dispositivo, seria possível ver qual é a cidade mais feliz do mundo. Ou a mais triste", diz Pompeu. O "relógio" está sendo patenteado e deve ser desenvolvido em parceria com a Finlândia.
DESCOBERTAS
As descobertas recentes têm feito a área crescer no mundo e no Brasil, dizem os cientistas.
Para Steven Rehen, neurocientista graduado em biologia, da UFRJ, a somatória de descobertas científicas sobre plasticidade cerebral é o que mais tem se destacado.
Rehen fez doutorado em neurociências -uma trajetória comum de quem desenvolve pesquisa na área. Ele atraiu holofotes ao Brasil por ter comprovado que o zika vírus é capaz de matar células neurais humanas. O estudo foi publicado na revista "Science" em abril de 2016.
Hoje, sua meta é desenvolver modelos celulares capazes de simular o cérebro humano em seus primeiros estágios de formação e aplicá-los ao estudo de doenças como a depressão.
"Sabemos que é possível modificar o cérebro através de estímulos externos, incluindo videogames, estimulação magnética transcraniana e meditação", diz Rehen, que foi presidente da Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento.
Quem também tenta entender a capacidade de o cérebro se modificar por influência do ambiente, "para o bem ou para o mal", é o médico Roberto Lent, da UFRJ. "A neurociência busca as bases biológicas da mente e suas relações com as preocupações humanas na saúde, na educação e no bem-estar."
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Adriano Vizoni/Folhapress | ||
A professora Camila Moreno, 26, que fez pós-graduação em neurociência aplicada à educação na FMU, em São Paulo |
AULA DESVENDA COMO OCORRE O APRENDIZADO
Formada em ciências da natureza em 2012 pela USP, a professora Camila Moreno, 26, começou o curso de neurociência aplicada à educação na FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas) no início do ano passado.
"Foi uma excelente escolha profissional. O curso me mostrou como trabalhar com alunos que apresentam alguma dificuldade de aprendizado e como esses problemas atuam para bloquear o estudo", conta ela, que encerra o curso no próximo mês.
Segundo Moreno, foi importante entender como funciona o cérebro durante o aprendizado. Isso a ajuda na escolha de metodologias mais adequadas para cada tipo de estudante, o que facilita a interação entre alunos e professor. "A especialização incentiva o professor a usar diferentes métodos, já que as pessoas não aprendem da mesma maneira. Alguns aprendem lendo, outros colocando a mão na massa", diz.
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ONDE ESTUDAR
NEUROCIÊNCIA E COGNIÇÃO
MODALIDADE
mestrado e doutorado
ONDE
UFABC (Universidade Federal do ABC)
DURAÇÃO
2 anos (mestrado); 4 anos (doutorado)
QUANTO
gratuito
NEUROCIÊNCIA APLICADA À EDUCAÇÃO
MODALIDADE
especialização
ONDE
FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas)
DURAÇÃO
12 meses mais o trabalho de conclusão (TCC)
QUANTO
R$ 8.025, à vista
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