Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
23/05/2012 - 06h52

Eles lucram, mas o objetivo é social

Publicidade

ADRIANA MEYGE
DO VALOR ECONÔMICO

O administrador de empresas Claudio Pádua tinha 30 anos em 1977, quando largou o cargo de diretor administrativo numa indústria farmacêutica no Rio de Janeiro e decidiu "seguir o coração". O interesse pela natureza levou Pádua a estudar biologia. Formou-se doutor em ecologia pela Universidade da Flórida (UFL) e, junto com a mulher, Suzana, criou o Instituto de Pesquisas Ecológicas (Ipê), hoje uma das maiores organizações não governamentais ambientais do Brasil.

Com o passar dos anos, o Ipê deu frutos e Pádua percebeu a necessidade de abrir um braço de mercado da organização. "A gente tinha expertise numa porção de coisas. Por que não vender essa expertise como uma prestadora de serviços?", conta. Foi assim que, em 2008, nasceu a Arvorar Soluções Florestais, empresa que presta serviços na área de conservação e ambiente, cuja carteira de clientes inclui Itaú e Natura. O lucro é totalmente reinvestido no Ipê.

Também em 2008, o gastroenterologista Roberto Kikawa criou, em São Paulo, um projeto para levar atendimento médico a comunidades com difícil acesso à saúde, por meio de unidades móveis. O Centro de Integração de Educação e Saúde (Cies), fundado por ele, colocou o plano em ação. Durante a fase piloto, 7.000 pacientes foram atendidos em seis cidades de São Paulo. O Cies funcionava inicialmente como uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), sem fins lucrativos, até que, como Pádua, o médico vislumbrou a oportunidade de aumentar o impacto de sua iniciativa transformando-a num negócio em 2011. No ano passado, a van e a carreta do projeto atenderam 36 mil pacientes. Desde 2008, 20 cidades de cinco Estados brasileiros receberam as unidades móveis.

A Arvorar e o Cies são exemplos de um novo tipo de empresa que está surgindo no Brasil. Chamadas de empresas sociais, ou negócios com impacto social, essas organizações pagam impostos e geram lucro como qualquer outra empresa, mas têm como objetivo principal solucionar um problema social. O conceito também pode ser estendido para negócios que atuam em causas ambientais.

Um estudo feito pela consultoria Plano CDE apontou a existência no Brasil em 2011 de 140 negócios sociais, 60 incubadoras de negócios, 24 aceleradoras e 14 investidores. "Eu acredito que seja uma tendência essa aproximação entre mercado e organização social", diz Renato Kiyama, gerente de aceleração da Artemisia, criadora do programa Aceleradora de Impacto, que busca preparar empresas sociais para receberem investimentos.

O que chamou a atenção de Kikawa, do Cies, foi a possibilidade de uma empresa social receber investimentos e dar retorno financeiro para os investidores, sem deixar o impacto social de lado. "Precisamos de investimentos para replicar o projeto em outras cidades e ganhar escala", diz. "Uma Carreta da Saúde [unidade de atendimento médico criada pelo Cies] custa quase R$ 3 milhões com equipamentos".

Hoje o projeto de Kikawa funciona com uma estrutura híbrida, de Oscip e empresa social, e é dirigido por um executivo do mercado. Seus principais clientes são governos (que contratam o serviço para atender a população) e empresas (para funcionários). Apenas 10% da receita vem de doações.

O orçamento para 2012 do Cies é de "no mínimo R$ 3,6 milhões", segundo o médico. Neste mês, a empresa estreou sua terceira unidade, o "Box da Saúde", um contêiner, mais fácil de transportar. "Ele pode ser levado de navio, trem, avião...", diz Kikawa, que afirma que vários países já mostraram interesse no projeto. Para exportar o modelo, ele pensa em oferecer franquias.

Nos últimos anos, têm surgido iniciativas para acelerar o crescimento das empresas sociais, como o programa Aceleradora de Impacto, da Artemisia, o Prêmio Empreendedor Social (em oitava edição) e o Prêmio Folha Empreendedor Social de Futuro (em quarta edição), organizados pela Folha de S. Paulo. Neste ano, mais de 200 líderes de ONGs, Oscips, cooperativas e negócios sociais se inscreveram nos dois concursos, cujas inscrições terminaram dia 13. Agora, a comissão organizadora, junto com parceiros dos prêmios, vai avaliar documentos dos candidatos e fazer entrevistas. A seleção termina no dia 30 de junho.

O objetivo da premiação é dar visibilidade às empresas e capacitar seus líderes. Pádua e Kikawa foram selecionados em edições anteriores. Os benefícios oferecidos aos finalistas este ano somam recursos recordes de R$ 350 mil em serviços como auditoria financeira, assessoria de imprensa, assessoria jurídica, bolsas de estudo etc.


 
Patrocínio: Coca-Cola Brasil e Portal da Indústria; Transportadora Oficial: LATAM; Parceria Estratégica: UOL, ESPM, Insper e Fundação Dom Cabral
 

As Últimas que Você não Leu

  1.  
  • Realização
  • Patrocínio
    • CNI
    • Vale
  • Parceria Estratégica
  • Parceria Institucional
  • Divulgação
    • Aiesec
    • Agora
    • Brasil Júnior
    • Envolverde
    • Endeavor
    • Ideia
    • Make Sense
    • Aspen
    • Semana Global de Empreendedorismo
    • Sistema B
    • Avina

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página