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Mais de 35 milhões de brasileiros doam para causas sociais
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TATIANE RIBEIRO
DE SÃO PAULO
No ranking dos países mais generosos, o Brasil ocupa a 83ª posição em número de doações, revela a pesquisa "World Giving Index 2012 - A global view of giving trends", da organização britânica CAF (Charities Aid Foundation), divulgada pelo Idis (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social) e produzida pela Gallup World Pool.
A colocação, muito aquém de vizinhos como o Paraguai, que figura entre os dez países com mais doadores, no entanto, revela que 35 milhões de brasileiros ajudam financeiramente organizações sociais, um crescimento de 30% em relação aos últimos cinco anos.
A pesquisa mostra que a Austrália é o país mais generoso, enquanto Grécia e Montenegro ocupam a última posição. Por outro lado, o maior número de pessoas que doam dinheiro para a caridade encontra-se na Índia: 165 milhões.
FOSSO
"A posição brasileira não é compatível com uma economia que briga para ser a sexta do mundo. Há um grande fosso entre o nosso desenvolvimento econômico e o social", avalia Marcos Kisil, diretor e presidente do Idis.
Segundo Kisil, o Brasil dobrou número de ONGs, mas não o de dinheiro doado, pela falta de políticas governamentais.
"O governo precisa zelar para que as organizações trabalhem de forma séria e ao mesmo tempo criar uma política de incentivo para que a iniciativa privada possa exercer sua criatividade no meio social."
Para ele, "ao possibilitar que as empresas invistam mais em projetos-piloto, por meio de incentivos fiscais, o Estado ganha aprendizado para criar políticas públicas mais efetivas".
CRISE
A pesquisa conclui que o fator econômico é determinante para os investimentos filantrópicos. Há uma queda na participação solidária desde 2007, com uma leve recuperação em 2010, mas que caiu novamente em 2011, o que significa, em média, uma perda de US$ 100 milhões.
"Já esperávamos esse resultado, pois os países mais doadores são os desenvolvidos, que estão em crise", diz Kisil. "A nível mundial, há chances de melhora, com a recuperação da economia em 2013, mas, em relação a países como o Brasil, há uma interrogação, já que terminamos 2012 de modo lamentável do ponto de vista econômico."
MAIS VOLUNTÁRIOS
Para o ranking, foram ouvidas mais de 155 mil pessoas em 146 países, a partir da pergunta: "Quais destas ações você realizou no último mês?".
Os participantes tiveram que escolher entre as seguintes opções de respostas: a) contribuição financeira para instituições filantrópicas; b) doou tempo como voluntário para uma organização; c) ajudou um desconhecido (ou alguém que você não conhecia e que precisava de ajuda).
Apesar da 83ª posição no ranking, o Brasil figura entre os dez países com o maior número de voluntários (18 milhões) e de pessoas que ajudaram um desconhecido no último mês (65 milhões).
"Em países em que o nível de pobreza é considerável, a solidariedade tende a ser alta. Vimos em outras pesquisas que a classe média aumentou suas doações, enquanto a alta, diminuiu. Se melhorar a distribuição de renda, mais pessoas passarão a doar. É um fator da nossa cultura que temos que valorizar."
"Outro ponto positivo a ressaltar é o surgimento dos negócios sociais, que estão no contraponto da crise econômica. Os filantropos que enxergarem o papel de investidores sociais trarão cada vez mais benefícios permanentes para a sociedade."
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