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Por que o "lucro" é importante para as organizações sociais?
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LEONARDO LETELIER *
Imagine o seguinte diálogo:
- Bom dia, qual seu nome?
- Eu sou não-Marcelo, muito prazer.
Há claramente algo errado nessa conversa: as pessoas se identificam por quem são (por exemplo, Maria Clara), não por quem "não são" (Marcelo, no exemplo anterior). A mesma coisa vale para organizações: a Vale é uma empresa de mineração e não um não-banco. Sendo assim, porque achamos normal quando as pessoas se referem a "organizações sem fins lucrativos" ao invés de "organizações para impacto social" ou, simplesmente, "organizações sociais"?
Juridicamente falando, nem mesmo a definição pela negativa está correta: as organizações sociais são "sem distribuição de resultados" e não "sem lucros". O problema é que esta linguagem tem impactos relevantes sobre a forma que enxergamos o setor social; esperamos que ele não tenha "lucro", que ele gaste todos os recursos a sua disposição e não guarde ou invista nada para o futuro.
Mas, como em qualquer empreendimento, o superávit entre receita e despesa do período (o "lucro", em uma empresa tradicional) é importante para financiar as atividades do período seguinte, para permitir investimentos em novas formas de geração de recursos ou experimentação de novos programas de impacto social. Sem a aceitação desse superávit, ou idealmente, o incentivo ao superávit, estamos implicitamente admitindo que o que queremos é que as organizações sociais vivam constantemente em uma situação de stress financeiro.
No final das contas, se implícita ou explicitamente cobrarmos das organizações que não tenham superávit, mas ao mesmo tempo esperamos que elas sejam sólidas, inovadoras e bem geridas, estamos pedindo-lhes o impossível. Não devemos culpá-las caso não consigam atender essa expectativa.
*Leonardo Letelier é graduado em engenharia de produção pela USP (Universidade de São Paulo), com MBA na Harvard Business School (EUA). Além de fundador, é presidente-executivo da sitawi - capital, disciplina e aconselhamento para impacto social. Com mais de dez anos de experiência em consultorias estratégicas e sociais, também já foi consultor da Mckinsey & Company
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