Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
Karina Rehavia

Quem é ela?

Karina Rehavia, 31, comunicóloga

Organização: Ninui Informação na Internet e Comércio de Artesanato
Ano de fundação: 2009
www.ninui.com.br

Jornalista e "heavy user" de internet, é cofundadora da Ninui, organização que disponibilizou, em 2009, a primeira plataforma gratuita de comércio justo eletrônico no país. É especializada em prestar consultorias para ambientes virtuais, que priorizam o desenvolvimento sustentável e a inclusão digital e comercial de usuários de internet. A empresa se sustenta atualmente por meio de projetos e editais, mas tem como foco investimentos de marketing social de grandes empresas. Em apenas um ano, beneficiou 1.544 beneficiários de 379 municípios brasileiros, em praticamente todos os Estados. Também alcançou Moçambique, na África.

Rede solidária

Empresária cria a 1ª plataforma gratuita de comércio justo na internet brasileira para dar acesso a excluídos digitais

CÁSSIO AOQUI
ENVIADO ESPECIAL A PARATY (RJ)

Olhando para o passado, a jovem Karina Rehavia, 31, percebe que todas as experiências que viveu no "mundo off-line" se conectam para trilhar hoje o rumo do mundo virtual.

Nascida em uma família de imigrantes israelenses, poloneses e russos, herdou o espírito livre e independente da mãe, que desbravou desde cedo territórios não conhecidos. O senso de liberdade foi aguçado na adolescência, quando ganhou o rótulo de "rebelde sem causa" reflexo da indignação contra tudo o que lhe estava sendo imposto da tradição judaica.

A veia empreendedora pulsou de todos os lados: do avô materno, que fugiu da guerra para abrir a primeira loja de brinquedos de Belo Horizonte, ao pai, dono de uma venda de cabos e itens eletrônicos na Santa Ifigênia, bem no miolo paulistano, cidade onde cresceu.

Aos 15 anos, começa sua própria travessia mundo afora, decisiva para a formação do que chama de "personalidade sem fronteiras". Estudou inglês em um intercâmbio nos EUA, a primeira experiência marcante que lhe ajudou a trazer para onde está hoje.

Três anos mais tarde, voltou à terra de Gates e Jobs para cursar a faculdade de jornalismo, época em que tomou contato com as expressões "comércio justo" e "economia solidária". Desinteressada do jornalismo, ao se formar, seguiu para Xangai, para dar aulas de inglês. "Achei que era uma saída honrosa porque não sabia o que fazer."

Após oito anos no exterior, contudo, com US$ 500 no bolso e estimulada pelo desejo latente de empreender, retornou ao Brasil e começou a pesquisar o mercado web, já pujante nos EUA. Nas idas e vindas atuando como produtora, conheceu o atual sócio e marido, o jornalista Roberto Andrade, com quem teve uma "sinergia imediata de ideias e visão de mundo". "É o ying e o yang perfeitos", metaforiza, sobre o fato de ele ser estratégico, e ela, toda operação.

A partir desse encontro, o "clique" se deu, e tudo começou a fazer sentido. "A intuição me dizia que estava fazendo o certo, mas minha vida era um quebra-cabeça em que as partes pareciam soltas. Com o Roberto, me envolvi mais intensamente nas pesquisas e percebi o porquê de tudo isso. Eu me encontrei."

Em 2009, surgiu a Ninui, a primeira plataforma de comércio justo totalmente gratuita na internet, que "não foi criada, praticamente teve vida própria", a partir da observação do que a internet possibilita a quem quer empreender.

Coerente com o ideal de liberdade da internet e o seu próprio, não faz curadoria dos produtos nem seleção dos usuários, que jamais têm seus perfis de acesso invadidos, e agora parte para abrir seus códigos-fontes para que possam desenhar aplicativos na plataforma.

Seu foco de atuação tem inspiração clara no artesanato da mãe e na paixão antiga por brechós. Agora, a menina que brincava de vender cristais na casa da avó abriu a Casa Ninui Paraty, cidade onde decidiu se instalar fora do mundo on-line. "É a minha lojinha ou, como brincam meus amigos, 'ô lôo-dinha'."

Olhando para o futuro, a energética e pragmática empreendedora social planeja com brilho nos olhos sua chegada à África. E sabe que sua empresa ainda não está pronta. Ou melhor, nunca estará: "Tudo que a gente faz é beta, a Ninui vai ser beta para sempre, um estágio em que se procuram constantemente formas de melhoria, de mudança".

Galeria

Assista

Mídia inclusiva

Conheça mais sobre a Ninui

Pioneira por ser a primeira plataforma de comércio justo eletrônico gratuita no Brasil, a Ninui também inova quando permite que uma grande fatia da economia informal tenha acesso à mais revolucionária ferramenta tecnológica do século 21 a internet.

Não se trata apenas de inclusão digital mas também social. Quando um pequeno produtor ou empreendedor tem acesso a uma vitrine de graça na grande rede, também ganha a oportunidade de gerar ou aumentar sua renda. E quando isso é levado em conta, o valor agregado do serviço é maior, pois considera a distribuição de renda.

Outro fator relevante da plataforma Ninui é o comércio justo. Sua prática elimina o atravessador ou intermediário, que muitas vezes paga pouco ao artesão e vende por muito ao consumidor final.

A Ninui surgiu no ano passado por força de um capital de R$ 1.000 e um empréstimo bancário de R$ 80 mil. Na prática, nasceu endividada, mas logo ganhou notoriedade ao ser uma das empresas contempladas no Programa Prime, da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), e também ao vencer o Prêmio Solução Rio Info 2009. A partir daí, atraiu vários parceiros, o que resultou num montante de receitas de aproximadamente R$ 304 mil para este ano. A organização recebeu subvenção da Faperj em dois editais para desenvolver os projetos "Quilombolas, Indígenas, Caiçaras e Caipiras On-line" e "Aquaponia: Produção de Pescados Consorciada à Produção de Verduras e Legumes", ambos no Rio de Janeiro. Também recebeu apoio do Banco do Brasil para desenvolver estratégias conjuntas visando a criação de oportunidades de internacionalização de negócios para pequenos e microempreendedores brasileiros.

A empresa foi convidada pelo Instituto Gênesis, da PUC-RJ, a firmar convênio para capacitação e orientação de e-commerce e desenvolvimento de projetos de inclusão digital e comercial de produtores, consumidores e parceiros comerciais.

Um dos focos da empreendedora social, contudo, é se manter com recursos de marketing social privado, oriundos de empresas dispostas a investir em responsabilidade social, o que não ocorreu até agora. Não está claro se permanecerá com essa visão de sustentabilidade ou se virará uma Oscip (os sócios reconhecem essa possibilidade) para ter maior financiamento público.

Sua loja física, a Casa Ninui Paraty, aberta em janeiro deste ano, gerou R$ 71 mil em vendas (24% do orçamento) e já atingiu seu ponto de equilíbrio (não gera lucro, mas se paga integralmente, segundo a empreendedora social).

Por fim, o casal de sócios que comanda a empresa se complementa em termos de habilidades de gestão (estratégica e operacional), apresenta excelente qualificação e experiência diversificada, o que beneficia a continuidade da Ninui no longo prazo.

Principais parceiros: Altex, Banco do Brasil, Boo Box, Buscapé, Conselho Municipal de Maputo (Moçambique), Faperj, Finep, Instituto Gênesis (PUC-RJ), UOL, Videolog.

Considerando todos os projetos, a Ninui beneficia atualmente 1.636 pessoas no país:

  • com a plataforma de comércio eletrônico e a Casa Ninui Paraty, são 1.544;
  • com o projeto "Quilombolas, Indígenas, Caiçaras e Caipiras On-line" (no litoral sul do Rio de Janeiro), são 80;
  • no "Aquaponia Paraty/RJ", são 12.

O impacto social da plataforma em termos qualitativos ainda é pequeno a organização do prêmio não identificou nenhum artesão que tenha obtido venda expressiva pelo site. Em parte, isso se deve à fase precoce e ao pioneirismo do trabalho.

É importante ressaltar que a organização produz e analisa semanalmente seu banco de dados apenas para agregar valor ao produto, produzir estratégias de marketing social e trabalhar newsletters para a sua rede. Por questão ética e de princípios, não comercializa banco de dados e não divulga qualquer informação que viole a privacidade do internauta.

A Ninui tem sua sede em São Paulo, onde fica o responsável pela tecnologia/rede, mas, na prática, toda gestão estratégica é realizada em Paraty, no escritório adjacente à Casa Ninui e no trabalho em "home office" dos sócios.

A plataforma está presente em todas as regiões do país. Atualmente, somam 379 municípios atendidos. E chegou a Moçambique, na África.

A Ninui deu início ao manual de melhores práticas para o comércio eletrônico, o que será um importante instrumento para multiplicar e replicar seu programa.

A Ninui é uma empresa social que foi planejada para atuar no mercado brasileiro com a missão de criar, desenvolver e gerir projetos vinculados à internet e aos conceitos de desenvolvimento sustentável, comércio justo, fomento ao empreendedorismo social e promoção de ações de inclusão digital e comercial, sempre visando trabalho e renda para pequenos empreendedores. Para isso, desenvolveu um método pioneiro no país para incluir e envolver pessoas no intuito de trabalhar em rede. No ambiente virtual criado pela Ninui, o usuário não precisa ter conhecimento técnico para construir sua loja. A plataforma disponibiliza:

  • ferramentas livres de marketing e divulgação;
  • gateways para pagamentos e recebimentos;
  • integração para sites, blogs e redes sociais.

A filosofia de trabalho da organização está sempre calcada na visão do marketing social e na liberdade para usar códigos-fontes. Para a Ninui, exclusividade é uma palavra que não existe. Por pensar convictamente assim, construiu um ambiente beta (ou em desenvolvimento) para um mercado que está em constante mudança. A palavra "beta", inclusive, faz parte de seu logotipo.

A Ninui trabalha sempre para um usuário e não para um consumidor. Acredita que a internet é uma ferramenta de negócios e que no mundo virtual as pessoas são iguais. Com pensamentos assim, considerados de vanguarda, a organização arrisca um novo futuro para o associativismo. Para a Ninui, grandes cooperativas, num futuro próximo, serão gestadas em um mundo virtual. Por imaginar a realidade assim, desenvolveu um caminho para sua sustentabilidade, com:

  • capacitação digital para o mercado eletrônico;
  • criação e desenvolvimento de projetos de e-commerce de qualquer natureza, desde que agregue o marketing social.

Com ousadia e inovação, a Ninui virou um laboratório de experiências que servem como matriz para ser implantada em qualquer lugar do país ou do mundo. Para ela, não importa o produto, o que vale é o contexto onde a pessoa está e a condição em que ela vive. Mercado de nichos é o foco. Tanto faz se é artesanato ou peixe, o que a organização mais busca é desenvolvimento local, mas sempre unindo as palavras tecnologia e social.

  • Plataforma de comércio eletrônico: é o carro chefe da organização ou ambiente virtual que disponibiliza, gratuitamente, mais de 7.000 produtos de 1.544 artesãos ou pequenos empreendedores. Contém serviço de busca automática pra quem quer comprar ou comparar preços. Também conta com um blog para veicular o que é novidade no mercado.
  • Aquaponia: ainda em desenvolvimento, será a produção de pescados consorciada à produção de verduras e legumes, em Paraty (RJ). Irá destinar-se a fomentar tecnologias localmente voltadas para a produção sustentável e equilibrada de alimentos saudáveis, contribuindo diretamente no redimensionamento do desenvolvimento da região.
  • Casa Ninui Paraty: loja física aberta estrategicamente em Paraty, importante centro turístico do país, para abrigar produtos de 150 artesãos (equivalente a 10% de toda rede Ninui) do Brasil e que oferece oportunidade garantida de trabalho e renda aos associados. Nesse espaço, diferentemente da loja virtual, a organização coloca em média 50% a mais no preço sugerido para venda, para cobrir os custos do local e dos serviços prestados. Criada em janeiro deste ano como loja-conceito, também funciona como um laboratório de treinamento, capacitação e vendas para toda a rede de artesãos integrados à organização.
  • Projeto Maputo: núcleo de trabalho, em Moçambique (África), que visa promover a integração digital e comercial entre os países de língua portuguesa.
  • Mulheres do Salgueiro: serviço de capacitação de 50 mulheres da comunidade do Salgueiro, no Rio de Janeiro, para abertura de lojas on-line.
  • Quilombolas, Indígenas, Caiçaras e Caipiras Online: serviço de capacitação de comunidades do Litoral Sul Fluminense para a venda de produtos artesanais por meio do comércio eletrônico.
  • Projeto Costa Verde: programa de integração com o Banco do Brasil que levou alternativas de desenvolvimento sustentável e as melhores práticas do comércio justo para as comunidades carentes da Costa Verde (no litoral fluminense).

"Logo depois que me formei em 2001 em odontologia, fui trabalhar na área, atendendo pessoas no serviço público. Depois abri meu consultório particular, onde fiquei por três anos. Nesse meio tempo, perdi minha mãe e me vi cada vez mais atarefada com meus três filhos, na época muito pequenos com diferença de apenas um ano e meio de idade de um para o outro.

Foi quando decidi que eles eram minha prioridade e larguei o consultório. Mas não poderia ficar simplesmente parada em casa. Eu sabia costurar desde os 18 aprendi com minha mãe, então pensei: 'Por que não fazer artesanato?'. Hoje vendo bolsa, nécessaires, porta-maquiagem, porta-lingerie e outros produtos de pano. Eu faço tudo, corto, costumo, fotografo, divulgo no meu site. Confecciono um a um, sem repetição, não faço nada em série.

Eu já vendia meus produtos pela internet quando montaram o portal da Ninui e a própria Karina me convidou por e-mail, dizendo que gostaria que eu participasse da rede. Ela me passou uma imagem de segurança, de trabalho sério de incentivo ao artesão, então aceitei.

Após um ano, registrei minha marca, a Borbolets, no INPI. Agora em 2010, o início das vendas na loja física da Ninui foi essencial para decidir me formalizar como MEI (microempreendedora individual). Já tenho meu CNPJ e posso pensar em um plano de expansão e atender a pedidos de empresas grandes, desde que não perca o caráter criativo, artesanal do meu trabalho.

Nunca tinha tido oportunidade de vender numa loja física antes da Ninui. Ter um produto à venda assim é um jeito de mostrar que estou formalizada, sem tirar o charme do artesanal. O melhor é que tenho 'feedback', a própria Karina me orienta, me diz o que vende mais na região. Tudo sempre foi muito profissional.

O posicionamento da empresa na internet passa confiança, por isso entrei para a rede, pois tenho uma imagem a zelar. Tenho contrato assinado de consignação, os DOCs são feitos na data combinada, nunca atrasaram. E o curioso é que nunca vi a Karina pessoalmente, tudo on-line.

É um passo de cada vez. Meu maior sonho já está sendo realizado, que é poder ver meus filhos crescerem, em casa, e ao mesmo tempo ter o meu negócio. Agora é batalhar e ver a Borbolets crescer, abrir uma loja física, com a marca estampada, dar emprego a mais pessoas. Ao realizar meu sonho, vejo que também estou realizando o da minha mãe."

Danny Barros, 40, artesã e proprietária da Borbolets, em Campos dos Goytacazes (RJ)

 
Patrocínio: Coca-Cola Brasil e Portal da Indústria; Transportadora Oficial: LATAM; Parceria Estratégica: UOL, ESPM, Insper e Fundação Dom Cabral
 

As Últimas que Você não Leu

  1.  

  • Realização
  • Patrocínio
    • CNI
    • Vale
  • Parceria Estratégica
  • Parceria Institucional
  • Divulgação
    • Aiesec
    • Agora
    • Brasil Júnior
    • Envolverde
    • Endeavor
    • Ideia
    • Make Sense
    • Aspen
    • Semana Global de Empreendedorismo
    • Sistema B
    • Avina

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página