Caçadora de histórias
Pendurado no escritório de casa, um mapa do Brasil, com os muitos pontinhos marcando todas as cidades que foram visitadas pelo pai, sempre fascinou na infância a paulistana Sylvia Guimarães, 36, uma das fundadoras da Associação Vaga Lume.
A brincadeira era achar um lugar de nome inusitado e distante onde ele não tivesse pisado ainda. Hoje, na sede da entidade que dissemina a leitura pelos rincões da Amazônia, está lá um mapa indicando as localidades do Brasil profundo que a empreendedora já desbravou.
Mais do que conhecer lugares de um Brasil inóspito, ela tinha sede de descobrir as histórias de um Brasil “diverso e denso” que não estão nas manchetes dos jornais nem são contadas nos livros.
Neta de um caixeiro-viajante, Sylvia diz ter “rodinhas nos pés”, assim como a mãe batalhadora e destemida, que deu uma volta ao mundo com alguns tostões no bolso ao ganhar um prêmio como funcionária da extinta companhia aérea Panam do Brasil.
Desde menina, suas rotas foram marcadas pela diversidade. As férias na comunidade rural mineira de Macuco de Muriaé, onde vivenciava as tradições no terreiro de café, compunham um cenário bem diferente do conhecido pelos colegas da escola de classe abastada que cursou em São Paulo.
“Já muito cedo, tinha noção de que existiam realidades sociais e culturais diferentes”, afirma a empreendedora, que cresceu observando a vida dura dos primos do interior e ficava incomodada com os meninos nos semáforos da cidade.
Exímia contadora de “causos”, a historiadora desfia em tom de anedota algumas de suas passagens da infância à vida adulta.
É nesse clima bem-humorado que narra a experiência num acampamento em Cuba aos 13 anos —uma espécie de “educação comunista injetada na veia”.
Entre rodas de conversa travadas com russos e cubanos, ela foi sorteada para ouvir o discurso do ex-líder cubano Fidel Castro.
“Era o ano da queda do bloco comunista, todo mundo estava lá para ouvi-lo. Eu não sabia de nada que estava acontecendo”, diverte-se, ao lembrar a experiência.
Ao participar de outros programas internacionais de intercâmbio na adolescência, visitou um campo de concentração na Alemanha.
O impacto deixado por tal vivência a fez marcar um “x” em história na hora de prestar o vestibular.
Na Universidade de São Paulo, no entanto, a estudante se incomodava com o excesso de discurso e a falta de ação dos colegas.
“De que adiantava ler Marx e não fazer nada ao ver os meninos pedindo dinheiro no campus?”, questiona a historiadora, que, desde a escola, se engajava como voluntária em programas sociais.
Para Sylvia, a melhor universidade era mesmo o mundo, e a educação tinha que ser vivencial.
PELO MUNDO
Integrou, então, um programa universitário num navio, em que cruzou os mares em quatro meses, do Canadá a Macau, na China.
A passagem pela Turquia coincidiu com um terremoto que arrasou o país. O espírito mobilizador da sempre candidata a ser a “representante de classe” a levou a organizar no navio uma coleta de roupas para os afetados pela catástrofe. Desembarcou no Brasil disposta a percorrer trilhas que desembocassem num país pouco conhecido —dos sem-terra, dos garimpeiros, das comunidades que se formam à beira da estrada.
Em parceria com duas amigas, Laís Fleury e Maria Teresa Meinberg, a Fofa, deu vida à Expedição Vaga Lume.
Durante a incursão de dez meses pela região amazônica a bordo de recreios que também transportavam tartarugas, aviões da FAB (Força Aérea Brasileira), caçambas de caminhão ou em um Fusca 82, o trio carregou bibliotecas cheias de histórias.
Mas eram os muitos enredos do Brasil da oralidade que abasteciam os motores da expedicionária, que encontrou personagens como Dona Sinfurosa, “filha” do deus Macunaima (sem acento mesmo), lá da Boca da Mata, em Roraima, ou de Seu Carlito, soldado da borracha em Rondônia.
Em toda parada, ainda hoje, Sylvia conta que sempre procura um desses “professores de história” do Brasil profundo para conversar. Sorriso aberto, senta ao lado de quem for e fica só escutando as sagas da vida real. É uma verdadeira desbravadora de histórias.
Assista
Conheça mais sobre a Associação Vaga Lume
Dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2012 na Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Ensino) apontam que havia em 2011 53,8 milhões de estudantes de quatro anos ou mais de idade, 61% dos quais no nível fundamental de ensino. Desses 32 milhões de alunos cursando da primeira à nona série, a maioria --27,9 milhões-- frequenta escolas públicas.
Outro aspecto fundamental para a educação, em especial o desenvolvimento da leitura, é o acesso a equipamentos culturais. A região Norte é a menos equipada, e o Estado de Mato Grosso não fica muito atrás.
O estudo Retratos da Leitura, realizado pelo Instituto Pró-Livro e publicado em 2011, aponta a região Norte como aquela onde menos se lê no país. Segundo o Inaf 2011 (Indicador de Analfabetismo Funcional), há uma presença maior de analfabetos funcionais, aqueles que conseguem minimamente decodificar pequenos textos escritos, mas não desenvolveu a habilidade de interpretá-los, na área rural (44%) do que na área urbana (24%), sendo que o índice para as regiões Norte e Centro-Oeste (32%) fica acima da média nacional (27%).
Diante desse cenário, atuando na região Norte, no Estado de Mato Grosso e São Paulo, a Vaga Lume desponta como mobilizadora do acesso à leitura e ao conhecimento tanto por meio de sua tecnologia social, fortalecendo laços comunitários em torno de bibliotecas bem equipadas e mediadores capacitados, quanto pelo seu modelo de educação para a sustentabilidade, enfrentando, assim, todos os desafios aqui descritos.
O perfil de inovação da Vaga Lume é sutil e moderado, menos explícito que em muitas organizações de impacto social, e está ligado à forma como atua no nível microssocial, com vistas a gerar uma transformação local e regional.
A estabilidade de seus dois únicos programas --o Expedição, de criação e gestão de bibliotecas, que deu origem à organização, e o Rede, de intercâmbio cultural juvenil-- demonstra a escolha clara da candidata por aprimorar continuamente sua tecnologia social, tornando-a cada vez mais eficiente e efetiva, em vez de se lançar a novas frentes de projetos, produtos e serviços.
Essa cultura em si pode ser considerada um vetor de inovação, em um contexto em que inovação tornou-se o carro-chefe de marketing social, em resposta às demandas do mercado. São, portanto, inovações incrementais e em boa parte das vezes endógenas --a partir das iniciativas e do olhar de seu público-alvo, leitores e voluntários da região amazônica.
O pioneirismo da candidata se dá em sentido estrito, ao desbravar locais de atuação em que ninguém mais atua ou quer atuar, com grandes barreiras logísticas e longe dos principais centros de decisão do país.
Não há indícios de pontos fracos ou ameaças que coloquem em risco a continuidade do trabalho da Vaga Lume. A empreendedora social já passou por momentos bastante críticos, como a saída em 2006 das duas outras cofundadoras da organização, que eram responsáveis pela gestão e articulação de parcerias, áreas que não dominava --e que até hoje esmera-se para cobrir. Em 2010, o encerramento abrupto de uma parceria com uma empresa varejista teve impacto profundo nas contas, com sucessivos déficits que quase zeraram as reservas, amortecido e estabilizado apenas neste ano. Transformou ambas as ocasiões em "aprendizado", sem jamais cogitar o encerramento das atividades.
A Vaga Lume tem buscado sua sustentabilidade pela diversificação de suas fontes de recursos. Os esforços estão concentrados na estruturação de um modelo de captação de recursos que tenha como um de seus pilares a ampliação do número de contribuintes pessoas físicas e pequenas/médias empresas, garantindo assim a existência de recursos suficientes para as áreas administrativas da organização.
Além disso, a Vaga Lume vem nos últimos anos desenvolvendo projetos personalizados para empresas e organizações governamentais e ONGs na sua área de expertise. Fez em 2012 uma curadoria de acervo de livros para organizações apoiadas pela Fundação André Maggi; desenvolveu metodologia para formação de comunidades em uso racional de energia elétrica em áreas rurais da Amazônia para a Guascor e foi responsável pela seleção de acervo e referencial teórico da campanha Itaú Criança 2011.
Em 2013, os principais patrocinadores financeiros da Vaga Lume são: Dresser-Rand Guascor, sua mantenedora sênior desde 2006 e parceira desde 2004; Machado Meyer Sendacz e Opice Advogados, parceiro desde 2012 que atualmente tem a chancela de patrocinador regional; Banco Paulista, que iniciou sua parceria em 2013, também com a chancela de patrocinador regional.
O orçamento para 2013 é de R$ 1.600.000 (estimado).
Alta, se considerada as comunidades em que atua na Amazônia. Trata-se de um trabalho que vem sendo realizado de maneira consistente, contínua e aprofundada ao longo de mais de uma década de existência.
“O impacto é claro. Houve aumento do Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, um indicador criado pelo governo federal para medir a qualidade do ensino nas escolas públicas] em relação ao período anterior [à sua chegada] e também em comparação com as comunidades que não têm biblioteca. [A Vaga Lume] causa um despertar para a leitura, mais livre, espontâneo, com mais prazer em ler. Há melhoria na linguagem e no interesse por ler”, atesta a chefe da unidade de Educação Infantil da Secretaria Estadual do Amapá, Vânia Mary Viegas Souto, 49.
Diretamente, de acordo com a empreendedora social, o programa Rede beneficiou 37 mil alunos de comunidades rurais da Amazônia e da cidade de São Paulo envolvidos; já o Expedição, por meio de suas bibliotecas em 23 municípios da Amazônia, beneficiou um total de 194 mil pessoas, afora os 2.396 voluntários formados como mediadores de leitura e os 347 voluntários formados para replicar a metodologia Vaga Lume.
Programa Expedição
Está em 163 comunidades rurais de 23 municípios dos nove Estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste que compõem a Amazônia legal brasileira. Os municípios são Cruzeiro do Sul (AC), Barcelos (AM), Carauari (AM), São Gabriel da Cachoeira (AM), Tefé (AM), Uarini (AM), Macapá (AP), Barreirinhas (MA), Guimarães (MA), Mirinzal (MA), Campinápolis (MT), Chapada dos Guimarães (MT), Belém (PA), Breves (PA), Castanhal (PA), Oriximiná (PA), Portel (PA), Santarém (PA), Soure (PA), Ouro Preto do Oeste (RO), Caracaraí (RR), Pacaraima (RR) e Ponte Alta do Tocantins (TO).
Programa Rede
O intercâmbio cultural se dá entre educadores, adolescentes, escolas e ONGs da cidade de São Paulo e da Amazônia, em dez municípios. São eles: Castanhal (PA), Ponte Alta do Tocantins (TO), Pacaraima (RR), Barreirinhas (MA), Tefé (AM), Uarini (AM), Carauari (AM), Chapada dos Guimarães (MT), Santarém (PA) e Ouro Preto do Oeste (RO).
A escalabilidade do impacto é desejo da candidata para o médio prazo
A organização já foi procurada para compartilhar seus métodos, por exemplo, em uma ONG em Fortaleza. Segundo a candidata, o maior obstáculo é que a metodologia, para ter um impacto real relevante, tem de ser trabalhada a longo prazo, o que esbarra na capacidade operacional da equipe. “Não replicamos nosso trabalho se não tivermos certeza de que ele será continuado com qualidade e seriedade após nossa saída”, destaca Sylvia.
Esse indicador pode aumentar por meio da parceria com outras organizações que atuem diretamente em seus eixos temáticos e o trabalho com políticas públicas em escala nacional, em programas do Ministério da Educação.
Um retrato do empoderamento dos voluntários da Vaga Lume é seu envolvimento com as questões políticas de seus municípios em temáticas relacionadas ao trabalho desenvolvido com a organização. Nas eleições municipais de 2012, sete voluntários da Vaga Lume foram candidatos a vereador, defendendo a promoção da leitura e da cultura local, o engajamento da população como voluntários e a melhoria da qualidade da educação. Dois deles foram eleitos.
Ressalte-se que a Vaga Lume não possui ligação com partidos políticos. Os voluntários candidataram-se representando partidos com os quais tinham mais afinidade política, sem interferência da organização.
A estratégia adotada pela Vaga Lume, nas palavras da candidata, é o investimento em formação educacional e na valorização da cultura local na região amazônica utilizando o livro, a leitura e a oralidade como ferramentas de intercâmbio cultural. A formação parte da ideia de que, para as crianças serem cuidadas e atendidas em suas necessidades, é preciso cuidar e atender os adultos que as educam.
Já o intercâmbio cria vínculos (adultos/crianças, escolas/comunidades e adolescentes de diversas regiões), oferecendo um espaço difuso de colaboração e aprendizado que empodera pessoas para que cuidem do planeta. O ideal embutido nisso é que as pessoas possam, a partir de propostas educacionais afetivas, elevar sua autoestima, resultando em autodesenvolvimento.
Esse intercâmbio possibilita a ampliação dos horizontes de cada um dos voluntários que trabalham na ponta –ao conhecerem o novo, passam a conhecer melhor a si mesmos e aprendem sobre outras culturas, enquanto ensinam sobre as suas próprias.
A organização se vê como mediadora do processo de mudança que vem sendo implementado na Amazônia Legal brasileira. Mediar, para a Vaga Lume, é aprender e educar, construir pontes para o diálogo e dar oportunidade para o protagonismo de pessoas. Ao colocar essas comunidades rurais no centro das transformações espera, um dia, tornar-se desnecessária.
A candidata desenvolveu método próprio de intervenção a partir de três pilares: teoria, apoio técnico e empirismo.
Programa Expedição
Está em 163 comunidades rurais de 23 municípios dos nove Estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste que compõem a Amazônia legal brasileira. Os municípios são Cruzeiro do Sul (AC), Barcelos (AM), Carauari (AM), São Gabriel da Cachoeira (AM), Tefé (AM), Uarini (AM), Macapá (AP), Barreirinhas (MA), Guimarães (MA), Mirinzal (MA), Campinápolis (MT), Chapada dos Guimarães (MT), Belém (PA), Breves (PA), Castanhal (PA), Oriximiná (PA), Portel (PA), Santarém (PA), Soure (PA), Ouro Preto do Oeste (RO), Caracaraí (RR), Pacaraima (RR) e Ponte Alta do Tocantins (TO).
Programa Rede
Com forte influência do pedagogo polonês Janusz Korczak, é uma rede de educadores, adolescentes, escolas e ONGs da cidade de São Paulo e de escolas de comunidades da Amazônia legal brasileira mediada pela Vaga Lume.
Trata-se de uma iniciativa de Educação para o Desenvolvimento Sustentável realizada por meio de um intercâmbio cultural a partir do tema “Nós e nosso meio ambiente”, que tem como objetivo geral contribuir para a ampliação do olhar de adolescentes da cidade de São Paulo e de comunidades da Amazônia Legal para a complexidade da realidade brasileira, suas diversas culturas e relações com o ambiente.
O programa contribui com projetos pedagógicos das instituições participantes ao formar os educadores para que medeiem as oficinas com os adolescentes.
O público é composto por jovens de 11 a 13 anos, por monitores de 14 a 16 anos de turmas que já participaram do programa e pelos próprios educadores de São Paulo e da Amazônia.
As oficinas são encontros semanais, extracurriculares, organizados pelos educadores nas escolas e instituições parceiras.
Em São Paulo, participam tanto colégios de elite, como o Vera Cruz e o Oswald de Andrade, como ONGs da periferia, como Gotas de Flor com Amor e o Anchieta.
DEPOIMENTOS
MÁRCIO ROBERTO SOUSA PEREIRA
professor da escola da comunidade Tracajatuba, em Macapá (AP), e mediador da Vaga Lume
“Quando o projeto veio para a comunidade, por volta de 2009, nosso déficit de leitura era grande. E a quantidade de livros na escola era pequeno. O acervo que veio da Vaga Lume, na primeira vez, já chamava a atenção, as crianças gostaram demais e vieram para a biblioteca. No começo, a biblioteca funcionava na escola, depois foi para a casa de uma moradora, da Jucirana, mas era aberto, não tinha telhado, e, na época da chuva, não dava para fazer as mediações de leitura. Trocamos de novo de lugar, fomos para a sede comunitária, que também era usada para reuniões e não era um lugar adequado também.
Em 2011, conseguimos um recurso de R$ 500 para fazer uma biblioteca na comunidade. Só que o dinheiro não era suficiente para construir o espaço. Então convidamos todo mundo para construir a biblioteca. Várias pessoas colaboraram: tinha gente que doava a pedra para fazer a fundação, outros areia e tinta, teve até gente que doou duas telhas. Quando a gente estava construindo, as pessoas passavam e perguntavam: ‘O que é isso? Quem está pagando?’. Eu explicava que é a biblioteca da comunidade e que todo mundo estava contribuindo, podia ser até com uma pedrinha.
Teve quem pregou duas ou três tábuas dessa aí.
No primeiro mês que abrimos, tivemos mil empréstimos de livros. À tarde, por volta das quatro, fica uma sombra imensa aqui na porta. A gente estica as esteiras, espalha os livros e as crianças vêm ler.
E a gente leva também os livros para outras comunidades, faz mediações de leitura. A maior parte dos idosos é analfabeta, e as crianças leem para eles. A gente pega as caixinhas e umas bolsas e anda por aí. Escolhe uma casa para fazer a mediação de leitura.
O mais bonito é ver as pessoas chorando. A gente chora junto. Eles mandam todo dia o filho para a escola. Mas, quando o filho chega em casa e está lendo um livro assim, é difícil segurar, é muito emocionante.
Os livros são uma janela para o mundo. Aqui eles enxergam o mundo.”
Frases sobre a empreendedora social e seu trabalho
“Aqui é uma comunidade que surge pela luta pela terra. Quando a Vaga Lume chega é para somar, para valorizar a cultura e a identidade. Na época, a escola era num
barracão da fazenda. Havia muitas crianças analfabetas. A leitura como transformação social começa aí, as crianças começam a ter acesso aos livros. Hoje, não temos nenhuma criança analfabeta. Elas emprestam o livro e gostam de ler. A Sylvia é uma profissional que traz um cunho muito humano, tem um diferencial dia
nte de muitos esquisadores que vêm aqui conhecer a comunidade: ela vive a nossa vida e, mesmo longe, está com a gente”
SILVIA EMANUELLI SANTOS ALMEIDA, 35,
multiplicadora da Vaga Lume no Assentamento João Batista 2, em Castanhal (PA)
“Ser mediadora é saber se doar para as crianças e os adultos, para a comunidade, na
hora da leitura. Gostando de ler, consigo passar esse gosto para as outras pessoas. É
um orgulho grande inaugurar hoje essa biblioteca”
ALICE PALMERIM DO VALE, 39,
mediadora da Vaga Lume, atua na comunidade Campina de São Benedito, de Macapá
(AP)
“Quando conheci essa comunidade [Campina de São Benedito], ela tinha seis casas.
É incrível ver hoje a inauguração dessa biblioteca. O que a Vaga Lume faz é dar um
empurrão”
ADENOR DE SOUZA, 58,
educador, agricultor e multiplicador e mediador da Vaga Lume na comunidade
Campina de São Benedito, de Macapá (AP)
“Quando chegou a Vaga Lume aqui, eu tinha uns 11 anos. Eu e as outras crianças
tínhamos pouco acesso a livros de histórias, foi muito bom e comecei a gostar de ler.
Adoro ler as lendas. Virei mediador de leitura em 2009. Hoje, queremos fazer livros
aqui para contar a história da comunidade e da biblioteca”
MARINHO FERREIRA, 20,
estudante de pedagogia e multiplicador e responsável pela biblioteca da Vaga Lume
na comunidade Campina de São Benedito, de Macapá (AP)
“A gente já fez muito trabalho com os alunos da Escola Alecrim, de São Paulo.
Mandamos um vídeo mostrando nossa escola e dizendo que aqui tem muitas árvores
e igarapés. Eles também mandaram trabalho pra gente mostrando como é São Paulo,
eu nunca estive lá”
MARIA VITÓRIA AZEVEDO DE LIMA, 11,
a comunidade de Cupiúba, de Castanhal (PA), que participa do Programa Rede.
“Somos amigas do [colégio] Santa Cruz, onde fizemos o ensino médio. Foi a Sylvia
quem me levou para setor social, atuei no projeto Anchieta com ela. A gente sempre
compartilhou valores, como um forte senso de justiça. Ela foi estudar história, e eu, direito, acabei atuando na área de direitos humanos. Ela sempre foi uma líder nata, ótima contadora de história, uma inteligência e cultura acima da média, é de puro brilhantismo. É muito criativa, dá nó em pingo d’água. E é também uma menina muito sensível e intuitiva, sempre tem insights interessantes sobre as pessoas e o mundo.
Ela é extremamente exigente. Tem um o perfil do empreendedor social, assim como
meu pai [Hélio Mattar], que parece querer carregar o mundo nas costas”
LAURA DAVIS MATTAR, 35,
coordenadora de desenvolvimento institucional da Associação Vaga Lume