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08/02/2013 - 05h00

Acordo para reduzir sódio em alimentos terá baixo impacto

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JOHANNA NUBLAT
DE BRASÍLIA

Os acordos firmados entre governo e indústria para reduzir o sódio em alimentos prontos terão pouca eficácia, pois boa parte do mercado já cumpre, de partida, as metas propostas, afirma o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor).

Dos 27 salgadinhos de milho analisados em janeiro de 2012, 72,7% estavam dentro da meta prevista para 2014 e firmada no fim de 2011, indica o levantamento do Idec.

Ed. de arte/Folhapress

Também já estavam enquadrados 59% das 40 batatas fritas analisadas e 68% de 156 bolos e rocamboles.
O instituto analisou, em janeiro e setembro de 2012, 530 produtos das principais marcas do mercado que integram as últimas fases do acordo.

Desde abril de 2011, o Ministério da Saúde tem anunciado parcerias voluntárias com a indústria de alimentos para reduzir o sódio da dieta do brasileiro e, assim, o impacto de doenças como infarto e hipertensão.

"As metas são tímidas. Algumas delas para 2015 já estão sendo cumpridas porque a indústria já estava lidando com esse patamar. Se você quer ter uma política consistente, precisa trabalhar com níveis maiores de rigidez", afirma Silvia Vignola, consultora técnica do instituto.

Estima-se que, no Brasil, o consumo médio de sal seja de 12 g diários. O recomendado pela Organização Mundial da Saúde é abaixo de 5 g de sal (equivalente a 2 g de sódio).

O levantamento do Idec, obtido pela Folha, reforça a avaliação já feita pelo instituto no início dos acordos de que as metas eram pouco ambiciosas. E conta com o respaldo de médicos.

"É melhor do que não ter nada, mas há condições de avançarmos mais rapidamente. Se o governo dá remédio para tratar hipertensão, é incoerente não ter uma política mais agressiva de redução do sal", afirma Carlos Alberto Machado, da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Mesmo alcançadas as metas, a quantidade de sódio usada para salgar e conservar alimentos ainda é alta, dizem Vignola e Machado.

Eles defendem um sistema de alertas nas embalagens para informar o consumidor.

OUTRO LADO

O Ministério da Saúde diz que, no primeiro momento, o que se busca é conseguir a adequação de 50% das marcas à meta, já que há muita disparidade no uso do sódio. A pasta lembra que, antes dos acordos, parte da indústria já vinha reduzindo o sal.

"As metas são factíveis, importantes para mudar o cenário a curto prazo", afirma Patrícia Jaime, coordenadora-geral de alimentos e nutrição do ministério.

Ela lembra que novas metas serão criadas e que o processo vai se estender até 2020, quando todo o mercado deverá usar os menores índices praticados hoje.

A Abia (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação) diz que a redução é calculada com base no maior valor praticado para trazer todos os fabricantes a um padrão mínimo, que pode ser revisto no futuro.

Há limitações para reduções maiores, afirma Paulo Nicolelis, da Abia. "A primeira chama-se tecnologia ou investimento. A segunda é o hábito do consumidor. Chegamos onde os médicos gostariam? Acho que não, mas a ideia é chegar."

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