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25/05/2010 - 10h50

Hipermobilidade é condição genética que pode causar problemas na coluna

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FLÁVIA MANTOVANI
DE SÃO PAULO

Sabe aquela pessoa que põe a mão no chão com a maior facilidade, sem dobrar os joelhos? Essa elasticidade toda, apesar de parecer só um motivo para se gabar nas aulas de educação física, pode trazer prejuízos.

A chamada hipermobilidade articular é uma característica genética considerada benigna, mas que pode predispor a tendinite, escoliose e até incontinência urinária.

Rodrigo Capote/Folhapress
A atriz Francine Missaka, 30, foi fazer ginástica rítmica por sugestão de uma professora, impressionada com sua flexibilidade
A atriz Francine Missaka, 30, foi fazer ginástica rítmica por sugestão de uma professora, impressionada com sua flexibilidade

"É um defeito dos tecidos moles, como tendões e ligamentos. Essas pessoas estão sempre se machucando, com dor, problema na coluna", diz a fisioterapeuta Neuseli Lamari, professora da Famerp (Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto).

Ela descobriu, em pesquisa, que a hipermobilidade era a causa de grande parte das queixas de dor na coluna, no ombro e no joelho em trabalhadores de indústrias -na área têxtil, 27,7% dos casos tinham essa origem.

Segundo Lamari, a hipermobilidade afeta 30% da população e é mais comum em mulheres e crianças.

O diagnóstico é feito por um teste simples, que gera uma pontuação de 4 a 9, dependendo do grau.

O problema provoca uma instabilidade articular que pode levar a lesões -é comum torcer ou virar o pé.

A autônoma Danielle Terenci, 27, que tem hipermobilidade de grau 8, sabe o que é isso. "Viro o pé o tempo todo, até parada. É muito engraçado: já caí na faculdade, conversando com amigos. Do nada, eu desmontei."

Danielle diz que desde pequena percebia ter uma elasticidade exagerada, mas achava apenas engraçado. Isso até ajudava nas aulas de flamenco, que praticou por seis anos. "Eu achava o máximo fazer movimentos que ninguém conseguia."

É até comum que os portadores procurem atividades como dança, circo ou esportes, em que a elasticidade seja uma vantagem.

Há quatro anos, Danielle foi ao médico por conta de dores no corpo. Descobriu que tem fibromialgia, mais comum em quem é hipermóvel.

Em mulheres, a hipermobilidade também causa incontinência urinária. A musculatura da região pélvica (onde está a bexiga) é formada por tecidos moles, que ficam frouxos. Isso favorece a perda involuntária da urina.

Pessoas com esse problema também podem ter artrite, diz Suely Roizenblatt, reumatologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). "A hipermobilidade favorece o desgaste precoce das articulações."

Não há cura nem tratamento para a hipermobilidade, mas é possível tratar suas consequências, como problemas na coluna.

Uma reeducação postural pode prevenir lesões. "Orientamos que os pacientes não forcem as articulações e não façam atividades de impacto", afirma Roizenblatt.

Segundo a fisioterapeuta Neuseli Lamari, a falta de diagnóstico da hipermobilidade é um problema. "O ideal é que todo mundo soubesse disso cedo para prevenir as complicações."

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