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10/08/2010 - 18h11

Tataravó das massagens, tui-na é boa para quando corpo pede revisão completa

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MARCOS DÁVILA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

No dia em que recebi o convite para fazer uma reportagem sobre a massagem milenar chinesa tui-na, fui acometido por uma dor nas costas. Foi um desses episódios tragicômicos que acontecem na vida dos sedentários: travei as costas ao espirrar.

Letícia Moreira/Folhapress
A massagem tui-na inclui 37 tipos de manobra, algumas bem fortes e rápidas: certos pontos podem ficar doloridos por uns dias
Massagem tui-na inclui 37 tipos de manobra, algumas bem fortes e rápidas: certos pontos podem ficar doloridos por dias

Fiquei um pouco mais tranquilo depois de marcar a sessão para o dia seguinte.

Só um pouco. As informações que tinha levavam a crer que a massagem era mais dolorida que shiatsu.

No dia, fui atendido pela fisioterapeuta Nana Liu, 36, na Associação Tai Chi Pai Lin, na Vila Madalena. Tive sorte: Nana é neta do mestre taoista Liu Pai Lin, um dos introdutores do tai chi no Brasil, com o qual ela aprendeu a fazer tui-na aos 12 anos.

Já na sala de massagem, Liu disse que ali funcionava uma oficina mecânica. Não há vestígios, o espaço foi reformado e ganhou arquitetura funcional. Agora consertam gente.

Aparentemente, o defeito na minha lataria não era grave, era reflexo de um excesso de esforço físico nos últimos dias, segundo ela.

Deitei de bruços numa cama alta e ela começou esfregando minhas costas com as palmas das mãos em movimentos circulares leves. O que parecia uma carícia logo ganhou velocidade e pressão, como se suas mãos fossem enceradeiras. Lembrei da oficina mecânica. O vigor e a rapidez das manobras são impressionantes.

O vocábulo tui-na significa "empurrar" (tui) e "puxar" (na). São os movimentos básicos da massagem, que conta com 37 tipos de manobras.

Poderiam acrescentar ao nome: beliscar, pressionar, amassar, cutucar, torcer e por aí vai. É difícil descrever todos os movimentos que se alternam com rapidez.

Curiosamente, o lugar mais sensível não foi a parte dolorida das costas, mas os músculos na base do pescoço.

Ali, pressões com as pontas dos dedos me fizeram acreditar naqueles filmes de kung fu em que o mocinho faz o bandido desmaiar com apenas um dedo.

Quando as mãos chegaram à lateral das minhas costelas, deu muita vontade de rir. Liu também usava os braços e cotovelos. Em uma das manobras, seu braço parecia um rolo de macarrão deslizando sobre as panturrilhas.

Os braços firmes de Liu finalmente pararam alguns segundos. Com uma mão sobre a outra, ela fazia uma pressão quente e gostosa na base da minha coluna. Virei com a barriga para cima, e a terapeuta atacou meus pés.

Nessa virada, me dei conta de que a coriza que às vezes me ataca de manhã tinha passado. Meu nariz destapou e experimentei uma sensação boa de relaxamento.

Um dos pontos que ela tocou entre os dedos do meu pé esquerdo era bem dolorido (me arrependi de não ter perguntado que ponto era aquele, pois o tui-na também se baseia na reflexologia, na qual existe um ponto nos pés para cada órgão do corpo).

Ela também massageou a cabeça e os braços, fez pequenas torções no tórax e movimentos circulares na barriga nos sentidos horário e anti-horário. Suas mãos pararam de novo no meio da barriga e no centro do peito, onde a massagem terminou.

Liu me deixou sozinho na sala, depois de alertar que alguns pontos poderiam ficar sensíveis nos próximos dois dias. Não tive vontade de dormir, o que acontece com frequência quando recebo massagem. Pelo contrário, me sentia disposto e revigorado. A dor havia passado.

"MÃO SABE, MÃO SABE"

Depois de me identificar como jornalista, fui apresentado ao médico Yau Chong, 52, que também faz massagens e ministra cursos. Com experiência de 25 anos em hospitais na China, ele está há dois anos aqui e fala com sotaque bem carregado.

Segundo Chong, tui-na é sinônimo de massagem. "Não é só pele e relaxar. Tem músculos, nervos e ossos. Precisa mão saber (sic)".

Na sequência, ele fez uma pequena demonstração. Tocou por segundos meus ombros e meu pescoço e disse que dois ossos da minha coluna vertebral não estavam bem encaixados.

Pediu para eu relaxar e, segurando minha cabeça, repetiu: "Não medo, não medo" e "mão sabe, mão sabe". De sopetão, girou minha cabeça para um dos lados, torcendo meu pescoço. Ouço um "clec". Pronto, o osso voltou ao lugar. Felizmente, as mãos do doutor Yau sabiam.

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