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Especialista critica foco no autoexame para prevenir câncer de mama no país
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DENISE MENCHEN
DO RIO
Secretário-geral da Sociedade Brasileira de Mastologia e pesquisador do Instituto Fernandes Figueira, da Fiocruz, o médico Roberto Vieira critica o foco no autoexame para prevenir mortes por câncer de mama no país. Para ele, é preciso aumentar o investimento no rastreamento por imagem das mamas, capaz de detectar a doença ainda na fase inicial.
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"No Brasil, normalmente quem faz o diagnóstico de câncer de mama é a própria mulher. É ela que, apalpando, sente o nódulo e procura o médico. Mas isso não é bom. O bom é quando o país tem um 'screening', um rastreio populacional para a detecção precoce do câncer de mama", disse ele em entrevista à Folha na semana passada, quando se comemorava a semana nacional de incentivo à saúde mamária.
De acordo com Ribeiro, cerca de 60% dos casos de câncer de mama do país são detectados já em estágio avançado, quando o tratamento é mais complexo e o prognóstico, pior. O Inca estima que, em 2010, serão registrados 49,2 mil novos casos da doença no Brasil. Cerca de 10 mil mulheres devem morrer em consequência da doença.
"É importantíssimo que a mulher vá ao médico para que ele possa apalpar a mama e, se for o caso, fazer um exame de imagem. Não adianta jogar isso em cima da paciente, porque às vezes ela não valoriza uma alteração que pode ser um tumor", afirmou Vieira, lembrando que leva cerca de dez anos para que um nódulo atinja o tamanho de 1 cm. "Infelizmente, já foi comprovado em grandes trabalho que o autoexame não muda a mortalidade no país."
Ele reconhece, porém, que, na impossibilidade de procurar o médico com regularidade, o autoexame pode cumprir um papel importante. "Num local em que a pessoa tem que pegar uma canoa e andar cinco horas pelo rio para chegar a um médico, é preciso ter autoexame. A paciente precisa apalpar a mama para conhecê-la."
O especialista disse também que a Sociedade Brasileira de Mastologia continua recomendando a realização periódica de mamografias a partir dos 40 anos de idade, apesar de estudos que questionam a validade da prática. No ano passado, a Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos Estados Unidos passou a defender mamografias bianuais apenas para mulheres entre 50 e 74 anos. A avaliação foi de que os danos causados eram maiores do que os benefícios, já que apenas poucos casos eram diagnosticados, enquanto um número elevado de mulheres era submetida à radiação e, em alguns casos, recebia resultados falsos positivos que resultavam em tratamentos desnecessários.
"Aquilo foi uma posição econômica. É claro que fazer screening mamográfico não é barato. Você faz muitas mamografias para às vezes ter um único diagnóstico. Mas, se você comparar com o gasto com quimioterapia, com radioterapia, com cirurgia para metástase cerebral, vai ver que é muito mais barato investir na base, na mamografia", afirmou. "Quando o tumor é detectado em estágio inicial, às vezes se cura só com a cirurgia, sem precisar de tanta agressividade terapêutica."
Vieira destacou também a importância de aumentar a conscientização sobre os fatores de risco para a doença, como o sedentarismo, a má alimentação, o tabagismo e o estresse. O risco genético hereditário também é importante: quando há vários casos na mesma família, a recomendação é que os exames sejam iniciados mais cedo. O uso de pílulas anticoncepcionais e a reposição hormonal também costumam ser contraindicados nesses casos, segundo o médico.
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