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Pesquisa liga males da velhice a microinfartos
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MARIANA VERSOLATO
DE SÃO PAULO
Sinais de envelhecimento como tremores nas mãos, caminhada lenta e postura curvada podem estar ligados a microlesões no cérebro, indetectáveis em exames.
Essa é a conclusão de um estudo publicado no periódico "Stroke", da Associação Americana do Coração, baseada em autópsias de cérebros doados por voluntários da pesquisa que eram acompanhados desde 1994.
Naquele ano, os pesquisadores do Centro Médico da Universidade Rush, em Chicago, começaram a fazer exames anuais em 1.100 padres e freiras mais velhos.
Eram avaliados itens como equilíbrio, capacidade de manter a postura, velocidade da caminhada e frequência da sensação de tontura.
Agora, no novo estudo, foram publicados os resultados das primeiras 418 autópsias -61% das análises eram de mulheres, e a média de idade era 88 anos.
Os pesquisadores descobriram microlesões, ou microinfartos, em 30% dos pacientes que não haviam sido diagnosticados com alguma doença cerebral ou derrame.
Além disso, aqueles que tinham mais dificuldade para andar tinham múltiplas lesões no cérebro.
"Essa é uma observação nova. O estudo mostra que sintomas cognitivos podem estar ligados a essas alterações", diz Sonia Brucki, do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia.
Além disso, dois terços das pessoas tinham alguma anormalidade nos vasos sanguíneos, o que sugere uma ligação entre o bloqueio dos vasos e sinais da velhice.
Brucki afirma que a explicação encontrada pelos autores para analisar esses sintomas se soma às outras já existentes.
"É algo multifatorial. Tremores, por exemplo, podem ser consequência de diabetes, alcoolismo ou medicamentos. Já a marcha lenta pode ser causada por artrose."
PREVENÇÃO
Segundo a neurologista, não se sabe se as microlesões são decorrentes de outras doenças que causam alterações vasculares, como diabetes e colesterol. "Mas, provavelmente, o tratamento delas pode prevenir essas lesões."
Já Yolanda Garcia, professora de geriatria da USP, responsável pelo ambulatório de risco aterosclerótico da disciplina, afirma que os fatores de risco para a circulação podem, sim, provocar esse tipo de lesão. Além de diabetes e hipertensão, tabagismo e sedentarismo estão na lista.
Garcia diz ainda que os microinfartos, principalmente em grande número, aumentam o risco de demência.
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