CAROLINA ARAÚJO
DE SÃO PAULO
Quando Lais Nunes, 19, foi disputar sua primeira competição de luta olímpica, há cinco anos, percebeu que algo estava errado. Em vez de um quimono, recebeu uma malha e sapatilhas de luta.
"Até aquele dia, eu achava que fazia judô", lembra a atleta de Barro Alto, cidade de pouco menos de 9.000 habitantes, segundo o IBGE, localizada a 193 km de Goiânia.
Lais é a atual campeã pan--americana júnior de luta olímpica na categoria até 59 kg. Neste mês, venceu o Brasileiro, na mesma categoria.
A luta, antes desconhecida, virou profissão. Lais deixou Barro Alto e vive em Osasco (SP), cidade que adotou em 2009. Com o salário que ganha de seu clube, o Sesi, paga as contas da casa em que mora sozinha. Tem uma bolsa de estudos para cursar a faculdade de administração de empresas --começará o terceiro semestre neste ano.
"Quero aproveitar a oportunidade que a luta me deu e me formar, porque uma lesão pode me tirar do esporte."
Antes de chegar a São Paulo, a atleta goiana também morou em Brasília e no Rio.
Mas a vida longe de casa, a rotina puxada de treinos e a falta de dinheiro a fizeram pensar em abandonar o esporte "várias vezes". A última, lembra, foi quando desembarcou em Osasco.
"Quando cheguei, fiquei um tempo sem receber nada. Dormia em um colchão, no frio de São Paulo, e ia ao supermercado para comprar comida com R$ 5", afirma Lais.
Mas persistiu. E, neste ano, seu objetivo é ganhar uma medalha no Mundial júnior, em setembro, na Tailândia.
Para a Confederação Brasileira de Lutas Associadas, Lais é uma das principais apostas para os Jogos de 2016.
Mas, para lutar no Rio daqui a quatro anos, a goiana pode ter de encarar uma mudança. Hoje, sua categoria (até 59 kg) não é olímpica. Caso sua faixa não seja incluída na Rio-2016, planeja passar por um treinamento para lutar na categoria até 63 kg.
Dentre os objetivos já alcançados por Lais está o de ajudar financeiramente os pais. A mãe é faxineira, e o pai, antes cortador de cana, há dois anos cuida de um "botequinho" em Barro Alto. E o judô, aquele que a confundiu no começo de sua carreira como atleta, continua no imaginário da família.
"Meus pais ainda acham que luto judô. Mas sempre me apoiaram. Meu pai sempre me diz que quer me ver na Olimpíada."
Nome: Lais Nunes de Oliveira
Nascimento: 3.nov.1992, em Barro Alto (GO)
Onde mora: Osasco (SP)
Peso e altura: 61 kg e 1,65 m
Clube: Sesi Osasco
Escolaridade: Cursa administração de empresas na UniSant'anna
Twitter: @laisnunes17
Facebook: Lais Nunes
Site oficial: Não tem
Ídolo: Jesus
Superstição: Não tem. Apenas faz uma oração antes de competir
Hobby: Viajar, ouvir música e sair com os amigos para ir ao shopping, ao cinema ou a algum restaurante
Música: Gospel, pagode, sertanejo. Padre Roberto, Life House, Turma do Pagode, G3 e Resgate
Comida: Pamonha, açaí, batata frita e lasanha
Seu maior momento no esporte: Ser a primeira brasileira campeã pan-americana cadete e melhor atleta das Américas em 2009
O maior momento do seu esporte: Rulon Gardner, atleta americano de luta greco-romana, que ganhou a medalha de ouro em Sydney-2000 ao vencer um rival russo, Aleksandr Karelin, de quem já havia perdido várias vezes antes e que ficou invicto no esporte por mais de uma década
Patrocinadores: Não tem
Principais feitos: Campeã do Pan-Americano júnior até 59 kg em 2011 e do Pan-Americano cadete em 2009.