Reforma deve encurtar caminho entre ensino médio e mercado
Proposta em debate no país quer ampliar educação profissionalizante, mas êxito depende da superação de desafios econômicos, burocráticos e pedagógicos
Proposta em debate no país quer ampliar educação profissionalizante, mas êxito depende da superação de desafios econômicos, burocráticos e pedagógicos
A educação média, no mundo de hoje, é chamada a atender a dois senhores: o da qualificação para as atividades profissionais e acesso ao mercado de trabalho, e o da equidade social.
Aumentar a oferta de ensino técnico só faz sentido se o Brasil criar um modelo atrativo, eficaz e sustentável, afirmam os especialistas.
Inaugurada neste ano na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo, a EBAC (Escola Britânica de Artes Criativas) apostou em cursos com certificação de técnico de nível médio em três dos seis cursos de estreia. A partir de 2017, abrirá graduações em inglês.
O número de matrículas nas escolas particulares de ensino técnico caiu em 2015 depois de oito anos consecutivos de alta.
Concluir o ensino técnico está longe de significar o fim da carreira estudantil.
A baiana Girlaine de Jesus Gomes Vilalva era menina quando decidiu trabalhar com enfermagem. Com o certificado de auxiliar de enfermagem desde maio de 2015, ela, hoje com 25 anos, trabalha no centro de diagnósticos de um hospital de São Paulo.
O diploma no ensino técnico é, por si só, melhor do que a formação generalista do ensino médio -e ainda pode garantir mais oportunidades de trabalho se complementado, de maneira inteligente, com o ensino superior.
Não adianta aumentar a oferta e caprichar no currículo. Para os educadores, o interesse do aluno pelo ensino técnico vai crescer na mesma proporção em que se combater a falsa convicção de que o sucesso no mercado de trabalho está associado ao diploma no ensino superior.
Um técnico em mineração tem um salário médio 119% maior que o de um biomédico. Também recebe 117% a mais que um farmacêutico e 61% além do que ganha um cirurgião-dentista com carteira assinada no Brasil.
A reforma na estrutura do ensino médio, em discussão no Congresso Nacional e no Ministério da Educação, pode tirar da gaveta uma esperada mudança de rota na educação dos jovens brasileiros: a aproximação dessa etapa ao interesse dos estudantes e ao mundo do trabalho.