No bastidor, COB alerta para poluição em Pequim
Com a chegada dos primeiros atletas brasileiros à China, e a proximidade da Olimpíada, o COB ligou o alerta na delegação em relação à poluição e ao calor durante os Jogos. A postura contrasta com a diplomacia adotada publicamente pelos cartolas brasileiros, em que o problema era minimizado.
Um manual do comitê, endereçado para os chefes de equipe, inclui um relatório que considera altos os recentes valores médios de índice de poluição atmosférica (API). A Folha teve acesso ao documento, que surge justamente quando a neblina volta a envolver Pequim.
Segundo o relatório, o ar de Pequim alcança 80 microgramas/m3. É considerado alto índice de poluição quando este indicador está acima de 50 microgramas/m3.
O COB aponta que, "apesar dos esforços do governo chinês em amenizar a situação [da poluição], as médias verificadas têm declinado de maneira discreta recentemente" e que "os valores se mantêm superiores aos mínimos recomendados para as práticas esportivas".
O documento explica que o problema é mais evidente nas regiões centrais e oeste da cidade. A Vila Olímpica e as áreas de competição ficam localizadas na região norte de Pequim, onde o ar "não é tão poluído".
Há alguns meses, o departamento médico do COB afirmou que não eram necessários cuidados especiais com os atletas para a poluição. Mas, no manual, são indicadas algumas medidas preventivas àqueles com problemas respiratórios.
Esses cuidados incluem suplementação alimentar com ômega-3, treinamento muscular inspiratório e monitoração da rotina das vias respiratórias, que servirão de referência para detecção de eventuais alterações provocadas pela qualidade do ar em Pequim.
Há ainda orientação quanto aos horários impróprios para permanência em ambientes externos em função da qualidade do ar. Além disso, são recomendados exames adicionais para pedido de autorização de uso de medicamentos relacionados aos efeitos de poluentes.
Outras práticas indicadas no documento são as rotinas de exposição dos atletas à altitude real e simulada. E é sugerida, em alguns casos, a utilização de máscaras de carvão ativado.
Já o fato de o período da Olimpíada ser o de maiores temperatura e umidade relativa do ano também provoca temores. O principal mecanismo termorregulatório --a evaporação do suor- fica prejudicado porque, em ambiente muito úmido, o suor não evapora.
Com a diminuição da transferência do calor para o ambiente, a tendência é que a temperatura central se eleve.
Isso pode produzir lesões teciduais graves, e o sistema nervoso central reduz os estímulos nervosos para a musculatura em atividade. As conseqüências são a redução do desempenho e riscos para a saúde.
Como medidas preventivas, o comitê promete oferecer orientações nutricionais quando houver manifestações nos atletas de intolerância ao calor.
Hoje, ao ser questionado sobre o tom cinza no céu de Pequim nos últimos dias, Du Shaozhong, diretor do escritório de proteção ambiental da capital chinesa, afirmou que essa coloração do céu ''depende de condições meteorológicas, não da condição do ar''.
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