Médico questiona único laboratório olímpico do país
A maior autoridade brasileira do combate ao doping pôs em dúvida o trabalho realizado pelo único laboratório credenciado para fazer testes antidoping no país.
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Mauricio Kaye/CBV |
Solberg se ajoelha em areia para comemorar ponto em jogo |
A Folha teve acesso a um e-mail enviado por Eduardo de Rose, chefe do doping no COB (Comitê Olímpico Brasileiro), para a FIVB (Federação Internacional de Vôlei).
No texto, ele diz não estar "totalmente convencido" de que o resultado da contraprova de Pedro Solberg, atleta do vôlei de praia flagrado com o esteroide androstane, estava "tecnicamente correto".
O e-mail também foi para Wada (Agência Mundial Antidoping), COB e CBV (Confederação Brasileira de Vôlei). As afirmações do médico colocam em dúvida a credibilidade do Ladetec, único laboratório do país credenciado pela Wada e único apto hoje a realizar os testes da Copa-2014 e dos Jogos-2016.
"A confirmação da amostra A foi adiada duas vezes por problemas técnicos no laboratório no Rio e (...) não estou totalmente convencido de que o resultado analítico adverso foi tecnicamente correto", escreveu De Rose, após saber que a amostra B confirmou o resultado positivo.
O médico diz que o caso gera preocupação no Brasil não só por Solberg, 25, ser um dos melhores atletas de vôlei de praia mas também por ser filho de uma "lenda" do vôlei, a ex-jogadora Isabel.
Em sua mensagem, o médico lança dúvida sobre a cadeia de custódia das amostras, colhidas em 30 de maio, uma segunda-feira, na casa do atleta. De Rose disse que as amostras foram entregues no Ladetec três dias depois.
O transporte da urina não é atribuição do laboratório, e o exame foi feito pela Wada. "A coleta só chegou ao laboratório na quinta, apesar de o regulamento recomendar que ela seja entregue o mais rápido possível", disse Solberg à Folha, por e-mail.
"Por que o laboratório não exigiu a cadeia de custódia se o regulamento fala tão claramente que ela deve estar sempre junto com a amostra?". De Rose afirmou ainda que o resultado dos testes pode ser diferente do apresentado pelo Ladetec.
"(...) Alguns especialistas (...) que analisaram os dados da amostra A também mencionaram que não encontraram elementos para suspender o atleta". Com base nisso, o médico solicitou à FIVB que reconsiderasse a suspensão provisório imposta ao atleta até seu julgamento. O pedido foi atendido pela entidade.
"Devido à possibilidade de terem ocorrido irregularidades na realização do exame, a FIVB decidiu cancelar a suspensão imposta ao atleta até o julgamento do caso", afirmou, em nota oficial, a CBV.
No e-mail, De Rose sugere que os resultados sejam submetidos à confirmação de laboratórios de Montréal (Canadá) ou Colônia (Alemanha). "Se esse resultado analítico adverso for confirmado por outros especialistas (...) vou aceitá-lo e apoiar todas as decisões da FIVB", disse.
A reportagem tentou contato com De Rose, mas não obteve resposta. Francisco Radler, coordenador do Ladetec, preferiu não se pronunciar ainda. Consultada, a Wada não deu resposta.
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