'Todas as cidades enfrentam resistência', diz presidente do comitê de Londres-12
Um dos maiores ídolos do esporte britânico e presidente do comitê organizador de Londres-2012, o ex-corredor Sebastian Coe, 56, afirma que o Rio precisa usar a Olimpíada de 2016 para melhorar o dia a dia de seus habitantes.
Ele afirmou à Folha que as cidades que organizam os Jogos têm uma oportunidade única para atrair investimentos e fazer obras que beneficiem toda a população.
Stefan Wermuth/Reuters | ||
Sebastian Coe segura a tocha olímpica dos Jogos de 2012 |
Para Coe, os protestos no Brasil contra o gasto de dinheiro público em grandes eventos esportivos não significam que as pessoas são contra a realização dos Jogos ou da Copa do Mundo de 2014.
Bicampeão olímpico dos 1.500 m nos anos 80, ele diz que Londres ainda precisa trabalhar muito após o sucesso de organização do ano passado. "Tivemos sete anos para preparar os Jogos. Agora teremos mais dez para maximizar os ganhos que eles proporcionaram", projeta.
Folha - Um dos principais alvos dos protestos recentes no Brasil é o uso de dinheiro público para sediar a Copa e a Olimpíada. O sr. acha que os manifestantes têm razão?
Sebastian Coe - Temos que ser cautelosos. Os protestos não significam que o Brasil não quer a Copa ou que o Rio não quer os Jogos Olímpicos.
Os manifestantes também têm outros motivos de insatisfação. E alguns grupos podem estar usando isso [a crítica aos gastos em eventos esportivos] como forma de promover outras bandeiras.
Toda cidade organizadora passa por isso. A resposta [sobre o legado dos Jogos] não deve ser dada pelas autoridades, e sim pelas pessoas.
Como os organizadores devem se comportar diante das críticas e do ceticismo?
As pessoas estão muito desacreditadas de todas as instituições. Vale para a política, a igreja, a imprensa. Quem tem menos de 30 anos não acredita em nenhum de nós.
Além de engajar as pessoas, você precisa ouvi-las. É preciso ouvir a população e mostrar que entende o que ela espera dos Jogos.
A organização tem que se comunicar bem, de forma transparente. As pessoas precisam saber o que você está fazendo, como está fazendo e por que está fazendo.
O Brasil está preparado para sediar um evento do porte de uma Olimpíada?
Estou certo de que o Brasil vai organizar uma edição fantástica dos Jogos. Nossas equipes estão em contato permanente. Pessoas que integraram o nosso comitê estão ajudando o comitê organizador do Rio.
Já visitei a cidade três vezes e vi coisas que mostram como a Olimpíada pode melhorar a vida das pessoas. Fui a uma favela que enfrentava problemas com crime e drogas, e agora está recebendo projetos esportivos [Coe visitou o Caju, na zona norte do Rio, em março deste ano].
Os desafios são grandes, e já vi bons progressos. É preciso usar os Jogos para melhorar a vida das pessoas que moram na cidade.
Editoria de arte/Folhapress | ||
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