Na terra de Messi, estreia de Neymar é ofuscada por novo treinador do Barcelona
A dois minutos de o juiz apitar o inicio da partida, a câmera foca o banco de reservas do Barcelona. Basta o close em Neymar para algumas risadas e comentários serem ouvidos: "Tata [Martino] avisou, vai começar no banco!".
A Folha acompanhou o primeiro jogo de Neymar pelo Barcelona no Campeonato Espanhol em Rosario (a 300 km de Buenos Aires), terra natal da estrela do time, Lionel Messi. A partida é transmitida em quatro TVs do bar VIP Rosario, de Jorge Messi, pai do camisa 10 do Barcelona.
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O taxista Rafael Mauri avisa a repórter ao deixá-la no local: "Desculpe, mas hoje não nos interessa Messi nem Neymar. Queremos ver Tata".
Tata é Gerardo Martino, o novo técnico do time catalão, é o segundo rosarino ilustre do clube. Até um mês atrás, treinava o principal time de Rosario, o Newell's Old Boys, onde Messi começou.
"Claro que há uma questão sentimental para nós rosarinos, mas ele é realmente bom. Tem liderança, visão de jogo. É o melhor técnico da Argentina", afirmou o empresário Leonel Nasazzi.
Horas antes da partida, o aposentado Luis Fernandez, torcedor do Newell's e vizinho de Messi na avenida Rosario, também estava na expectativa pela estreia de Martino.
"Ele é uma pessoa que privilegia o jogo em equipe, o conjunto. E logo acho que o Neymar terá espaço. Tata deixa os que têm valor jogar", disse, na porta de sua casa.
NEYMAR x MESSI
Em Rosario é difícil achar alguém que goste mais do futebol de Neymar do que do de Messi.
"Neymar joga muito bem, mas precisa amadurecer. Agora ele vai aprender muito com o melhor do mundo [Messi]. Vai ter um professor de graça", disse, entre, risos, o estudante Franco Schiavone.
Seu pai, Gerardo Schiavone, concorda. "Neymar gosta de fazer firulas, jogar muito sozinho. Já Messi tem uma visão mais global do jogo. Tata fez bem em deixá-lo no banco nesse começo", afirmou.
Na mesa ao lado, Agustín Montrase comemora o segundo gol do argentino na partida. "Neymar vai ter que mostrar trabalho."
Para o taxista Mauri, o brasileiro pode chegar perto do patamar onde hoje está Messi, mas não ultrapassá-lo.
"Neymar joga bonito para os brasileiros, com suas gracinhas. Mas não tem a habilidade, a velocidade impressionante de Messi."
Claudia Schiavone resume: "Vai ser difícil algum argentino achar um brasileiro melhor" no futebol. Para ela, Neymar ganha de Messi em uma coisa: "Conseguiu ser mais feio que o Lionel", brincou.
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