Devo suportar porque é a luta que escolhi lutar, diz jogador gay sobre preconceito
Homossexual assumido desde fevereiro, o meia norte-americano Robbie Rogers, 26, que defende o Los Angeles Galaxy, afirma que precisa suportar o preconceito que recebe dentro de campo e dos torcedores porque escolheu travar essa batalha.
O jogador chegou a anunciar a aposentadoria quando decidiu revelar sua condição sexual. Mas voltou atrás por considerar que poderia utilizar o futebol para lutar contra o preconceito.
Em entrevista à Folha, Rogers conta por que escolheu voltar ao futebol defende o Galaxy e o que sente quando vê outros atletas homossexuais seguindo seu exemplo e saindo do armário.
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Folha - O quanto o ambiente esportivo é homofóbico?
Robbie Rogers - Não estou falando do Los Angeles Galaxy, mas das minhas experiências anteriores. Eu sentia que era muito e isso me assustava, fazia eu ter medo de me assumir. Sei que o mesmo acontece com muitos jovens gays, que se sentem inseguros nos clubes. Mas eu penso que o esporte está mudando, é uma questão de educação.
O Los Angeles Galaxy foi o único time interessado em fazer você voltar a jogar futebol?
Não. Algumas outras equipes entraram em contato comigo e com meu gente, mas minha família mora perto de Los Angeles e é muito importante para mim estar de volta para a minha família. E o Galaxy já me conhecia, é o time da minha casa. Me sinto melhor estando dentro de casa.
O que você sentiu quando viu Jason Collins [basquete] revelar que é homossexual pouco depois de você? Pensa que foi responsável por isso?
Ainda não havia pensando nisso, mas não acho que tenho tanta responsabilidade assim nesse caso. Mesmo assim, é esperançoso ver esse movimento acontecendo entre atletas de vários esportes, ganhando destaque, sendo divulgado. Fico muito feliz. Isso ajuda a combater o preconceito.
Depois de voltar ao futebol, pensou alguma vez em desistir devido ao preconceito
Não, não sou esse tipo de pessoa. Só penso em continuar trabalhando, minha família me ajuda a persistir nos momentos difíceis. Tenho que suportar isso porque é a luta que eu escolhi lutar.
Como você se sente agora em comparação a como se sentia até fevereiro?
Estou mais feliz e me sinto mais confortável. Quando estou com minha família, não preciso mais esconder isso deles. Posso ser sincero com eles. Isso me deixa mais forte.
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