Velocidade para julgar e regras mais rígidas diferenciam tribunais no futebol europeu
O caso Héverton não aconteceria na Inglaterra.
Na Liga Inglesa, um jogador que recebe cartão vermelho direto do árbitro é suspenso por três jogos. Acontecerá isso, por exemplo, com o volante brasileiro Paulinho, do Tottenham, expulso nesta domingo após acertar Luis Suárez, do Liverpool.
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Se o vermelho for dado devido a um segundo cartão amarelo, o atleta fica um jogo fora -- o próximo na tabela de seu time.
Não é preciso ter julgamento por comitê disciplinar para avaliar quantos jogos o atleta expulso deverá cumprir, com base na gravidade de seu ato. Isso evita o que aconteceu com o meia da Portuguesa.
Expulso contra o Bahia, dia 24 de novembro, Héverton cumpriu a suspensão automática contra a Ponte Preta, dia 1° de dezembro, na rodada seguinte.
Mas, no Brasil, qualquer expulsão é julgada pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva). Numa sexta-feira, 6 de dezembro, dois dias antes de enfrentar o Grêmio, o jogador foi a júri e suspenso por duas partidas. Já havia cumprido uma, precisava cumprir outra, acabou jogando e aí começou toda a confusão que movimenta o Campeonato Brasileiro depois de ele já estar encerrado.
O comitê disciplinar da Inglaterra só julga casos de gravidade excessiva -- como agressões. E se há casos assim, é rápido. Se aconteceu num sábado, é julgado segunda. Não demora quase duas semanas como no caso do jogador da Portuguesa, expulso em novembro e julgado em dezembro.
As outras grandes ligas europeias também evitam julgar casos em demasiado, apesar de algumas diferenças com relação à inglesa.
Na Itália, há um único juiz. Não há promotor, denúncia, auditores. Com base na leis desportivas do país, ele recebe na segunda-feira os problemas que ocorreram na rodada do final de semana e, no máximo na terça, já há punições. Os clubes são comunicados diretamente pela Liga Italiana, não por advogados.
No modelo alemão há um procedimento mais parecido com o brasileiro, com um tribunal esportivo. Mas somente para casos mais graves, não para julgar expulsões corriqueiras de todas as rodadas.
Por exemplo: em outubro desse ano, houve julgamento para decidir se um jogo seria realizado novamente ou não porque a bola não entrou em um dos gols anotados pelo Bayer Leverkusen sobre o Hoffenheim. O pedido do clube perdedor na partida foi rejeitado -- o tribunal alegou que não poderia mudar um resultado de campo.
Os espanhóis têm conselho disciplinar, que normalmente faz os julgamentos às terças. Se jogador for suspenso por atitude antidesportiva, não joga na próxima rodada.
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