Caso no STJD pode trazer prejuízos à marca Fluminense
Envolvido indiretamente no rebaixamento da Portuguesa, o Fluminense atraiu a ira de torcedores de outras equipes. Fenômeno que desperta a curiosidade de especialistas em marketing esportivo ouvidos pela Folha. Eles não descartam a chance de o episódio trazer prejuízos para o valor da marca do clube.
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Julgamento na última segunda-feira, no STJD, tirou quatro pontos da Lusa, que caiu para a Série B. A decisão salvou o Fluminense.
As redes sociais vivem uma efervescência de movimentos contra o time tricolor. Comunidades foram criadas. O site "Dezenove contra um" (www.dezenovecontraum.com) propõe contabilizar o Brasileiro de 2014 com ranking alternativo: times pontuam de acordo com o que fizerem contra o Fluminense. Um jogador da equipe, Rafael Sóbis, foi hostilizado por torcedores do Atlético-MG.
"O caso do Fluminense é inédito, porque não se trata de ódio a um rival regional. É sentimento que nasce da percepção de uma injustiça. Mexeu com a opinião pública. E isso pode ter efeito na marca do clube", diz Amir Somoggi, especialista em marketing e gestão esportiva.
13.jul.2013/Divulgação/Photocamera | ||
O atacante Fred, do Fluminense, durante uma partida do Campeonato Brasileiro |
A Portuguesa ensaia até adotar uniforme estilizado, se tiver de jogar a Série B. Usaria camisa com design igual a do Fluminense.
"Fiquei sabendo dessa ideia. É cedo para falar. Depende do que vai acontecer. Para dizer a verdade, é algo a ser pensado. Não descarto", afirma o presidente eleito da Lusa, Ilídio Lico.
A lembrança é que o Fluminense não é novato em confusões de bastidores. Em 1996, foi rebaixado e não caiu. Três anos depois, ganhou para a Série C e foi guindado de volta à Primeira Divisão.
"A opinião pública está sendo observada pelos patrocinadores. Veja o Vasco, por exemplo. O Fluminense tem a Unimed, mas não sei como seria se tivesse de procurar outro patrocinador", completa Somoggi.
Ele se refere à Nissan. A montadora de carros japonesa cancelou o contrato de patrocínio com o Vasco após a briga de torcedores em partida contra o Atlético-PR. O time receberia R$ 28 milhões.
Por meio da assessoria de imprensa, a Unimed do Rio garante não estar preocupada com a repercussão do caso.
"Tratamos a questão com a compreensão de que a opinião pública saberá distinguir os papéis e responsabilidades de todos os que são episodicamente envolvidos", afirma a empresa, em nota.
Celso Barros, presidente da companhia, é uma das pessoas mais influentes do Fluminense e financiador de várias contratações. A Unimed patrocina o clube há 14 anos.
Até agora, o Fluminense não veio a público se manifestar sobre o imbróglio que o beneficiou.
"Isso pode ser realmente prejudicial. É difícil diminuir o valor de uma marca como a do Fluminense. Isso só acontece com um processo de anos. Mas o clube precisa fazer alguma coisa para dar autoestima ao seu torcedor e oferecer uma satisfação para a opinião pública. Se continuar assim, com atos de hostilidade ao clube, aos jogadores, é para se preocupar", opina Rafael Plastina, diretor da Nielsen Sports.
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