Sem interior, paralisação deve ser apenas parcial
Medo de demissão, de não receber o salário e de ficar marcado como grevista e não arrumar emprego no futuro.
A paralisação, inédita no futebol brasileiro, que o sindicato dos jogadores e o Bom Senso arquitetam para acontecer no Campeonato Paulista na rodada do final de semana sofreu ontem um revés.
Os atletas dos times do interior que jogam a Série A-1, a primeira divisão estadual, não estão aceitando fazer parte da greve. A maioria deles não integra o Bom Senso F.C., movimento criado em 2013 por jogadores da elite do futebol para reivindicar mudanças no calendário.
Segundo Rinaldo Martorelli, presidente da Federação Nacional dos Atletas de Futebol Profissional e do sindicato paulista, jogadores de 18 dos 20 clubes da Série A-1 foram consultados sobre a possibilidade de fazer a greve.
"Somos apenas o instrumento [para realizar a paralisação]. Se haverá ou não tem que partir deles [jogadores]", disse Martorelli.
Pela manhã, porém, ele já admitia a interlocutores que se a paralisação acontecesse seria apenas parcial, e não mais total como previsto.
A rodada tem início já amanhã, com o jogo Oeste x Ituano, e termina terça, dia 11.
A Folha apurou que os atletas mais jovens, aqueles com os menores salários, não querem parar com medo de retaliação e até de ficar sem receber o pagamento mensal caso a greve seja considerada ilegal pela Justiça.
No Mogi Mirim, Rivaldo, que é presidente do time e também jogador, avisou a seu elenco que ninguém para.
Segundo a assessoria do clube, Rivaldo está até treinando para participar da partida de domingo, contra o Corinthians, em Mogi Mirim.
Martorelli passou o dia ontem em reuniões tentando colocar em pé a tese do sindicato de que não há segurança para os jogadores após a invasão de torcedores ao centro de treinamento do Corinthians, no fim de semana.
Ele se reuniu com a delegada Margarete Barreto, da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, pedindo a realização de um inquérito para investigar a invasão ao CT do Corinthians.
No início da noite, se reuniu ainda com o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella.
PELÉ É CONTRA
O ex-jogador esteve ontem no Rio participando de evento comercial e se mostrou contra greve em ano de Copa.
"Não é o momento dos jogadores de futebol fazerem greve, embora seja um direito de todos", disse Pelé, que na semana passada já havia criticado a possibilidade de haver manifestações sociais que pudessem prejudicar a Copa do Mundo no Brasil.
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