Após vexame na Copa, CBF usa seleção olímpica para reconquistar torcedor
A seleção olímpica enfrenta nesta sexta-feira (10) o time principal da Bolívia, em Cuiabá, às 22h (horário de Brasília), no início de um projeto da CBF para fidelizar o torcedor brasileiro com o time que vai tentar o inédito ouro olímpico nos Jogos do Rio em 2016.
A ideia é que a equipe comandada por Gallo atue principalmente nas arenas construídas para a Copa, que não são utilizadas com tanta frequência, como a Arena Pantanal, mas esse primeiro teste talvez mostre que a entidade vai ter dificuldade para emplacar um time formado na maioria por jogadores desconhecidos no país.
Dos 40 mil ingressos colocados à venda para o duelo desta sexta, apenas dez mil tinham sido vendidos até o final da noite de quinta (9).
Chico Ferreira/CBF | ||
Gallo durante treino da seleção brasileira |
Para não deixar a arquibancada vazia, a CBF criou promoções para levar crianças ao estádio, usando como explicação o domingo (12), quando é comemorado o Dia das Crianças. Qualquer menor de até seis anos acompanhado de um adulto pagante ganha um ingresso gratuito para ver Brasil x Bolívia.
Na manhã desta sexta, os zagueiros Dória, ex-Botafogo, que foi vendido ao Olympique de Marselha-FRA, e Samir, do Flamengo, foram até uma escola estadual da cidade para doar mil ingressos a crianças que irão à partida esta noite.
A previsão dos organizadores do jogo, feita em parceria entre a CBF e a Federação de Futebol do Mato Grosso, é que 20 mil pessoas estejam na Arena Pantanal para ver a partida, metade dos bilhetes que foram colocados à venda.
"Queremos que o torcedor possa ver esses garotos e que daqui um tempo já os reconheça. Queremos que eles [jogadores] se acostumem a jogar no país, sintam essa pressão do Brasil para chegarem bem na Olimpíada", disse Alexandre Gallo, coordenador das categorias de base da CBF e técnico do time olímpico, formado em 2014 por atletas até 21 anos - que daqui dois anos terão 23, idade limite para participar do torneio, com exceção de três "veteranos" que podem ser chamados.
O técnico fez chamadas na quinta-feira (9) para TVs locais convocando a população de Cuiabá para ir ao jogo.
A Folha apurou que na CBF a conclusão para a fraca venda de ingressos até a manhã desta sexta é que houve uma divulgação ruim da partida. Marcado deste o final de agosto, o jogo é de desconhecimento de boa parte da população.
A reportagem andou pelo centro da cidade e poucas pessoas sabiam que acontecerá a partida na capital mato-grossense e até onde se compraria os ingressos - em lojas no centro e no Pantanal Shopping (Beto Sports, Casa dos Esportes e Casa de Festas, nas bilheterias da Arena Pantanal e pelo site www.bilheteriadigital.com.br).
"Sei que aquele zagueiro do Flamengo [o Samir] está por aqui. Mas não conheço o restante do time", disse o comerciante José Carlos Ribeiro, 56, flamenguista como a maioria da população de Cuiabá.
A seleção olímpica, em 2015, deve se reunir em outros jogos no Brasil. Fortaleza, Recife, Manaus e Natal são cidades que devem receber jogos, na tentativa da CBF de deixar jogadores como o lateral Fabinho ou o atacante Felipe Gedoz, que nunca jogaram profissionalmente no país, mais conhecidos.
Cidades que não têm arenas reformadas, como Goiânia e Belém, também podem ser visitadas.
Rafael Ribeiro/Divulgação/CBF | ||
O meia Talisca, do Benfica, participa de treino da seleção olímpica |
Há também temor da CBF de que o vexame na Copa-2014, principalmente o 7 a 1 sofrido para a Alemanha na semifinal, influencie negativamente os torcedores brasileiros contra essa equipe olímpica que será formada principalmente por garotos. Por isso a intenção de jogar no Brasil para torná-la mais atraente jogando em casa.
Em Brasília, onde na segunda (13) o time de Gallo enfrenta o sub-23 dos EUA, foram colocados à venda apenas 22 mil bilhetes a preço único de R$ 60 (R$ 30 meia-entrada). O jogo terá início às 19h.
Este jogo deveria acontecer na Arena Pernambuco, no Recife, mas a CBF decidiu não jogar por lá porque haverá muitos jogos de clubes locais neste final de semana e havia temor de que isso justamente afastasse o público da partida o time olímpico.
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