Portuguesa joga para dois torcedores e cai para a Série C
Do céu ao inferno. Foi assim a trajetória da Portuguesa que num intervalo de 11 meses saiu de uma honrosa 11ª colocação no Campeonato Brasileiro da Série A no ano passado para a terceira divisão do futebol nacional.
Nesta terça-feira (28), a Lusa perdeu de 3 a 0 para o Oeste no estádio dos Amaros, em Itápolis (a 353 km de São Paulo), e foi rebaixada para a Série C em 2015.
A queda do time da capital foi testemunhada por 357 pessoas –duas, em especial: os estudantes Guilherme Duarte, 22, e Marcelo dos Santos Júnior, 23, torcedores do time, que viajaram de Araraquara para assistir a partida meia hora depois que o jogo começou.
"É o amor pela Portuguesa", disseram.
Eles, que são universitários, chegaram atrasados porque tinham provas para fazer.
Entraram no estádio quando o jogo já estava 2 a 0 para o Oeste. E no fim, desabafaram: "É uma vergonha. Ninguém tem amor pela camisa. Era um time que tinha reconhecimento internacional, que revelou ótimos jogadores. Agora vai para a Série C. E cadê a torcida de São Paulo? O time está abandonado", disse Santos Júnior.
O desespero do torcedor contrastou com a aparente "tranquilidade" dos atletas, que nem dentro de campo –ou fora dele– esboçaram qualquer tipo de reação, a não ser, conformismo. Cabisbaixos, não falaram na saída do vestiário.
Na saída de campo, o lateral Bruno Ferreira foi perguntado por um repórter de rádio se havia algo errado com o time, e respondeu: "Precisa falar?".
Antes, o atleta disse que, agora, é jogar pela família e pelos companheiros. E aproveitar os últimos jogos. "Temos que somar o maior número de pontos para aparecer", afirmou.
Desde que caiu para a segunda divisão, o que provocou protestos inclusive de outras torcidas –um ocorreu até na avenida Paulista– o time só viveu pesadelo, com salários atrasados, derrota atrás de derrota, dívidas, pouca torcida no Canindé e futebol fraco.
Já passaram pelo comando do time seis técnicos neste ano. Guto Ferreira, Argel Fucks, Marcelo Veiga, Silas, Vágner Benazzi e o atual, José Augusto.
Com 18 derrotas, 12 empates e apenas três triunfos na competição, o clube se despede da segundona com cinco rodadas de antecedência.
O que todo mundo já sabia –incluindo aí dirigentes, comissão técnica e os próprios jogadores– aconteceu. A Portuguesa, finalmente, caiu, diante de seus dois únicos torcedores, levando 3 a 0, ouvindo "olé" da torcida adversária, e entrando, definitivamente, numa crise que parece não ter fim.
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