ANÁLISE
Ato de racismo envolve ginastas que ainda buscam protagonismo
Um ponto une os ginastas envolvidos no polêmico episódio do vídeo com injúrias raciais divulgado em rede social: todos ainda brigam pelos holofotes na seleção masculina nacional.
Arthur Nory, 21, Fellipe Arakawa, 21, Henrique Flores, 24, e o ofendido, Angelo Assumpção, 18, cerram fileiras na equipe brasileira, mas não são titulares cativos. Tampouco são ginastas badalados, como Arthur Zanetti e Diego Hypólito.
Dos quatro, apenas Nory integrou a seleção que terminou em sexto na disputa por equipes no Mundial de Nanning, na China, em outubro de 2014 (pode parecer pouco, mas foi a melhor posição da equipe masculina do país em Campeonatos Mundiais –antes, o auge fora um 13º lugar, na edição de Tóquio-2010).
O desempenho também serviu para classificá-la para o Mundial deste ano, que ocorrerá em outubro em Glasgow, na Escócia, e dará vaga nos Jogos do Rio-2016 aos oito primeiros colocados.
Caso seja bem-sucedido, o Brasil terá uma equipe masculina olímpica completa pela primeira vez.
Nory, Arakawa, Flores –agora afastados das competições por 30 dias e com incentivos financeiros suspensos pelo mesmo período– e Assumpção brigam por esse lugar ao sol no Rio, mas, atualmente, são coadjuvantes.
Editoria de Arte/Folhapress |
Assumpção é um talento mais para Tóquio-2020 que para 2016. O mesmo vale para Arakawa.
Assumpção ganhou visibilidade ao conquistar um ouro no salto na etapa de São Paulo da Copa do Mundo, é bem verdade.
Mas cabe a ressalva de que a nata mundial, composta de sul-coreanos, russos e ucranianos, não participou do torneio paulistano.
Flores teve dois grandes rivais nos últimos anos: as lesões e Zanetti, seu companheiro de treino. Por incrível que pareça, ele tem nota de partida em geral mais alta que a do campeão olímpico, mas ainda deve na execução.
Nory é a grande incógnita. Tido como principal talento da nova geração brasileira, foi ele o autor do vídeo no aplicativo Snapchat durante treinos do grupo em Portugal.
O caminho de sucesso que pavimentava pode estar em risco com o desdobramento?
"[O episódio] já afetou o clima da seleção. A vida deles não será exatamente mais a mesma. Mas acho que, tecnicamente, isso não vai afetá-los. É dar tempo ao tempo e tirar lições disso", acredita Luisa Parente, ex-ginasta brasileira que foi aos Jogos Olímpicos de 1988 e 1992.
O trio de punidos não poderá disputar o Campeonato Sul-Americano de Cali, na Colômbia, devido à suspensão.
Há chance de que eles compitam no Pan de Toronto, que ocorrerá em julho. A decisão caberá à Confederação Brasileira de Ginástica.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade