'É uma alegria imensa', diz Melo sobre título inédito em Roland Garros
Olhos arregalados, boca aberta, joelhos no saibro e mãos na cabeça: essa foi a reação de Marcelo Melo, 31, ao marcar seu nome na história do tênis nacional.
Neste sábado (6), o tenista mineiro (3º no ranking de duplas) tornou-se o primeiro brasileiro a conquistar um título de duplas masculinas em Roland Garros, em Paris.
Ao lado de seu parceiro há quatro anos, o croata Ivan Dodig (8º), Girafa (apelido que o brasileiro ganhou por sua altura, de 2,03 m) venceu de virada os irmãos norte-americanos Bob e Mike Bryan, líderes do ranking –e parceria mais vitoriosa da história. A partida terminou com parciais de 6/7, 7/6 e 7/5, após duas horas e 13 minutos.
Das arquibancadas, Melo e Dodig receberam o apoio de Gustavo Kuerten, tricampeão do torneio (1997, 2000 e 2001). No momento da vitória, as tevês voltaram-se a Guga, que ria, gritava "é campeão" e filmava tudo com seu celular.
"Quero agradecer a todo mundo que está aqui. Não é fácil jogar com o Guga [observando]. Toda vez que olhava para ele, vinha pressão", disse Melo depois da vitória.
Ele agradeceu também aos torcedores que lançaram a hashtag "somos todos Girafa" na internet. À Folha, Melo comentou o triunfo. Habitualmente mais contido, ele estava com o riso solto.
"É difícil até de pensar, já que estávamos perseguindo um Grand Slam há alguns anos e finalmente chegou. É uma alegria imensa", disse.
O inédito título soma-se a outras sete conquistas do Brasil em Roland Garros: uma em duplas femininas, com Maria Esther Bueno, em 1960; duas em duplas mistas, com Bueno, em 1960, e Thomaz Koch, em 1975; uma em duplas juvenis, com Guga, em 1994, além do tricampeonato em simples do catarinense.
Gravar o nome na história do torneio custou suor ao Girafa. Foi uma revanche, já que Melo e Dodig perderam a final de Wimbledon-2013 para "a melhor dupla da história", nas palavras do brasileiro.
O jogo foi decidido nos detalhes. O primeiro set não teve quebra de serviço até o empate em 6 a 6. Os americanos venceram o tie-break. No segundo, os Bryan abriram 4 a 2, com uma quebra de saque.
"Saímos de sintonia naquele momento. Eu acertava e o Ivan errava, e vice-versa. Mas então retomamos a estratégia. Contra os Bryan, você não pode deixar embalar. Então fomos agressivos, acertamos um 'break point' e voltamos para o jogo", contou o brasileiro sobre o momento decisivo da partida.
O último set foi equilibrado como o primeiro. O ponto do título foi marcado pelo Girafa, com um voleio preciso e suave que o colocou no topo do tênis mundial.
Para comemorar, Melo prometeu levar seus amigos e familiares para um bom restaurante em Paris.
"Não tem como deixar passar em branco um título de Roland Garros", explicou.
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