CPI pede ajuda da Justiça para presidente da CBF depor
Divulgação/CBF | ||
Coronel Antonio Carlos Nunes, atual presidente da CBF |
O senador Romário (PSB-RJ) pediu ajuda à Justiça nesta quarta-feira (2) para que o presidente interino da CBF, Antonio Carlos Nunes, deponha na CPI do Futebol.
Coronel Nunes, como gosta de ser chamado, não viajou a Brasília nesta quarta para participar da sessão da comissão. Pela decisão do senador fluminense, que preside o grupo, o cartola terá que depor na CPI no dia 16.
Foi a segunda tentativa da comissão de ouvir o dirigente. Antes convidado, ele alegou como justificativa os jogos da seleção, que vão acontecer no fim de março.
"Numa atitude bem ao feitio do grupo dos 7 a 1, que se apoderou da CBF, que só pensa em ganhar salários milionários, sem qualquer contrapartida revelante ao futebol brasileiro, o coronel sorrateiramente fugiu da convocação", disse o senador.
"Tendo ocorrido o descumprimento da convocação, como agora se confirma, este presidente lançará mão do artigo 218 do Código de Processo Penal, e solicitará a colaboração da área criminal do Poder Judiciário das cidades do Rio e de Belém para que o coronel compareça", afirmou Romário.
Em nota, a CBF considerou ilegal a convocação para o depoimento desta quarta, mas confirmou que Nunes vai depor no dia 16 espontaneamente. A entidade sustenta que a convocação para a sessão desta quarta não havia sido aprovada pelos integrantes da CPI.
"GOLPE"
Nunes assumiu o comando da CBF em janeiro, beneficiado por uma manobra feita por Marco Polo Del Nero, presidente licenciado. Del Nero é investigado pelo Comitê de Ética da Fifa e pelo FBI, suspeito de participar de um esquema de recebimento de propina na venda de direitos de torneios no país e no exterior.
Em prisão domiciliar nos EUA, José Maria Marin é acusado pelo FBI de cometer o mesmo crime.
Presidente da Federação Paraense de Futebol, Nunes, 77, foi eleito vice da CBF às presas em dezembro, na vaga de Marin. A eleição é classificada pelo senador como "golpe".
Pelo estatuto da CBF, o vice mais velho assumiria o poder em caso de renúncia de Del Nero. O presidente da Federação Catarinense de Futebol, Delfim Peixoto, 75, era o primeiro na linha sucessória.
O catarinense é o opositor do dirigente investigado. Por isso, a cúpula da CBF articulou a eleição do paraense.
Na sexta, Nunes participou da eleição da Fifa, na Suíça.
LEIA A NOTA DA CBF NA ÍNTEGRA
1. A CBF rechaça, com a maior veemência, a irreal alegação de que o seu Presidente em exercício estaria, injustificadamente, evitando comparecer à CPI. Ele comparecerá, espontaneamente, à sessão do próximo dia 16.
2. Ao contrário dessa insustentável alegação, o Presidente da CBF, que, costumeiramente, colabora com os trabalhos de investigação da CPI, informa que, quando foi regularmente chamado, aceitou o convite e, efetivamente, compareceu à sessão realizada no dia 28 de outubro de 2015, em conformidade com o Requerimento nº 98, aprovado pelo Colegiado em 7 de outubro de 2015.
3. Quanto ao novo convite datado de 18 de fevereiro de 2016, o Sr. Antônio Carlos Nunes Lima, prontamente, aceitou-o por meio de ofício endereçado ao digno Presidente da CPI no dia seguinte. Sugeriu apenas, em virtude de compromissos, anteriormente, agendados e informados ao Presidente da CPI, que fosse designada nova data para seu depoimento.
4. A despeito desse fato, o Presidente da CPI remeteu novo ofício para comparecimento do Presidente em exercício da CBF, agora sob a forma de convocação, sem que houvesse o necessário requerimento aprovado pela Comissão.
5. Sob tais circunstâncias, resulta óbvio a irregularidade dessa última convocação, não aprovada pela Comissão, mostrando-se insuscetível de ser atendida, visto que não observou o regramento sobre a matéria.
6. Reitera-se, aqui, que o comportamento noticiado não representa a conduta do Presidente Antônio Carlos Nunes Lima, que sempre se colocou à disposição para comparecer à CPI do Futebol, desde que respeitados os direitos e garantias dos cidadãos e observado o devido processo legal.
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