Federação pede ao Ministério Público que derrube decisão de torcida única
Reprodução/Twitter | ||
Torcedores depredam trem na estação Brás do metrô |
A Federação Paulista de Futebol fez um pedido ao Ministério Público para rever a determinação que impede torcida visitante em clássicos realizados no Estado de São Paulo.
A decisão do órgão foi tomada na última segunda-feira (4), por orientação da Secretaria de Segurança Pública, em reunião realizada também com a presença das policiais Civil e Militar.
No último domingo (3), quando teve Palmeiras e Corinthians, no Pacaembu, uma pessoa morreu em uma das quatro brigas de torcedores rivais na Grande São Paulo. Ao todo, 60 foram detidos –39 deles são registrados em organizadas, ou na Mancha Alvi Verde ou na Gaviões da Fiel, de acordo com informações da Secretaria.
Divulgação/Polícia Militar | ||
Torcedor do Palmeiras agredido na região da sede da torcida da Mancha Alvi Verde |
A entidade que organiza o futebol estadual argumenta em seu ofício que tirar visitantes não é a melhor forma de acabar com a violência. De 2010 até agora, 113 pessoas morreram vítimas de brigas entre torcidas.
"Embora entenda que a medida tenha a intenção de coibir ações violentas, a FPF não enxerga nesta decisão a solução para os recorrentes encontros violentos entre torcedores, que geralmente são registrados em locais distantes dos estádios", diz a federação.
"Entendemos que a punição generalizada prejudicaria os torcedores como um todo e, por consequência, traz prejuízo ao fomento do futebol", afirmou.
A resposta é esperada para a próxima semana.
Após a determinação da Secretaria de Segurança e do Ministério Público, para que a medida se tornasse válida, a federação precisaria emitir uma resolução sobre o assunto, o que ainda não aconteceu até agora.
Na reunião realizada com autoridades, o presidente da entidade estadual, Reinaldo Carneiro Bastos, não estava presente, por compromissos com a Conmebol. Procurada, a federação não quis fazer comentários.
Integrantes de torcidas organizadas brigam em estação do metrô, em São Paulo
PORTÕES FECHADOS
No encontro na sede da Secretaria de Segurança, a Polícia Militar chegou a sugerir que a melhor decisão para o momento seria que os clássicos acontecessem com portões fechados, uma forma de impactar também os clubes.
A alternativa, no entanto, foi vetada pela Federação Paulista, que argumentou que não seria justo prejudicar as diretorias dos times por episódios de violência que aconteceram a quilômetros de distância do estádio.
Alguns clubes dão ingressos para suas uniformizadas, como é o caso do São Paulo, que admitiu isso em entrevista dada pelo presidente Carlos Augusto Barros e Silva para esta Folha, em janeiro.
Entre as medidas divulgadas na última segunda-feira também está essa, de que os dirigentes assinem termos para que não mais entreguem bilhetes aos torcedores.
Em nota enviada para a reportagem, o metrô informou que houve um prejuízo de R$ 19 mil pela briga que aconteceu na estação Brás, no último domingo. Um trem ficou com portas, janelas e bancos quebrados.
Segundo o secretário Alexandre de Moraes, as torcidas Mancha Alvi Verde e Camisa 12 vão ser cobradas na Justiça para pagarem os danos causados.
VEJA A NOTA DA FPF NA ÍNTEGRA
A Federação Paulista de Futebol lamenta a proibição de torcedores visitantes em nossos clássicos.
Embora entenda que a medida tenha a intenção de coibir ações violentas, a FPF não enxerga nesta decisão a solução para os recorrentes encontros violentos entre torcedores, que geralmente são registrados em locais distantes dos estádios.
Entendemos que a punição generalizada prejudicaria os torcedores como um todo e, por consequência, traz prejuízo ao fomento do futebol.
A FPF prega maior rigor na aplicação da legislação vigente para pôr fim à impunidade que ronda os casos de violência no futebol. Também defende a venda on-line e catraca exclusivas para o setor de torcidas organizadas.
Reforçamos ainda a necessidade de aumentar o diálogo com o poder público, clubes e sociedade civil para elaborarmos soluções exemplares e definitivas para este problema social.
Diante desse entendimento, a FPF informa que enviou pedido ao Ministério Público do Estado de São Paulo para que a proposta de "torcida única" nos clássicos seja revista.
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