Histórias do capitão de 1970: porrada em inglês e mágoa por taça roubada
Na vitoriosa campanha na Copa de 1970 (seis vitórias em seis partidas), Carlos Alberto considerou o jogo contra a Inglaterra —então a atual campeã mundial e com jogadores do quilate de Bobby Charlton, Bobby Moore, Geoff Hurst e Gordon Banks— o mais difícil.
No primeiro tempo, a disputa era intensa e, em uma jogada na área do Brasil, o goleiro Félix fez uma ótima defesa e, na sequência, foi atingido no rosto, não intencionalmente, por Francis Lee. Não foi o que entendeu o time brasileiro e, principalmente, Carlos Alberto.
"Eu chamei o Pelé e falei: 'Pelé, tem que dar uma nesse cara aí pra ele sossegar'. E o Pelé: 'Deixa comigo, deixa comigo'."
Porém o capitão do Brasil se antecipou. "Na primeira bola dele (Lee), eu falei: 'Não vou esperar o Pelé'. Aí eu fui e dei." Deu forte, cometendo uma falta escandalosa, mas o árbitro israelense Abraham Klein relevou e não mostrou nem o cartão amarelo.
Para o Brasil, lembrava Carlos Alberto, o lance foi um divisor na partida, a segunda do time na Copa.
"A partir dali eles sossegaram." A seleção ganhou de 1 a 0, gol de Jairzinho.
TAÇA ROUBADA
Depois, na final, Carlos Alberto Torres marcou o último gol no 4 a 1 contra a Itália. Como capitão, levantou a Jules Rimet (batizada em homenagem ao presidente da Fifa que organizou a primeira Copa do Mundo, em 1930), taça que teve um fim trágico.
Rolls Press/Popperfoto/Getty Images | ||
Carlos Alberto Torres levanta a Jules Rimet após a conquista da Copa do Mundo de 1979 |
Foi roubada da sede da CBF, no Rio de Janeiro, em dezembro de 1983, e seu paradeiro virou um mistério. Segundo a versão mais difundida, a Jules Rimet foi derretida e transformada em barras de ouro.
Carlos Alberto falava com pesar acerca do ocorrido.
"Aquilo foi uma grande sacanagem. Eu lembro que, no ônibus, ela foi 'sentada' ao meu lado, eu ao lado da taça, no avião (na volta da seleção brasileira do México para o Brasil) a mesma coisa, pra cuidar da taça, pra ninguém roubar. Mas aí, aqui, deixaram derreter...".
A CBF providenciou depois uma cópia.
A Jules Rimet seria do país que ganhasse primeiro três vezes a Copa do Mundo. Desde 1974, disputa-se a Taça Fifa, que não ficará para sempre com nenhuma nação. O campeão de cada Copa tem seu nome inscrito no troféu.
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