Palmeiras tem como arma mais efetiva as jogadas de bola aérea pelos lados
Rubens Cavallari/Folhapress | ||
Thiago Santos cabeceia bola em confronto diante do Internacional, no Allianz Parque |
Se o Atlético-MG não quiser sofrer gols contra o Palmeiras nesta quinta (17), em Belo Horizonte, às 21h, pela 35ª rodada do Campeonato Brasileiro, precisará se preocupar principalmente com os cruzamentos em sua área.
Líder com o melhor ataque da competição, com 57 gols, a equipe alviverde é a que mais marcou em jogadas desta maneira em comparação com os outros três melhores times do torneio.
Um levantamento feito pela Folha revela que 50,87% dos gols palmeirenses se originaram da bola parada alçada na área adversária ou de cruzamentos.
Em 18 oportunidades a rede balançou após laterais, faltas ou escanteios. Em outras 11 o gol saiu de cruzamentos após uma jogada trabalhada.
ORIGEM DOS GOLS DOS ASPIRANTES AO TÍTULO
A força do time na bola aérea é tão evidente que até mesmo uma cobrança de lateral, que por vezes é despretensiosa, se tornou uma arma poderosa.
"Nunca fiz e nunca imaginei fazer [cobrança de lateral]. Foi pura ideia do Cuca através de um jogo contra o São Paulo. Estávamos perdendo, no desespero. Eu mandei todos os jogadores irem para a área e falei 'vou bater lá e ver o que acontece". No dia seguinte o Cuca me chamou e falou para treinar nesse sentido", contou Moisés, batedor oficial de laterais do Palmeiras, à Folha.
A jogada rendeu cinco gols, inclusive no empate em 1 a 1 com o Flamengo, jogo visto por muitos como uma "final antecipada", e inúmeras chances de perigo.
O confronto diante dos são-paulinos aconteceu ainda no primeiro turno, mas foi no segundo que a equipe provou a sua capacidade pelo alto.
Nas 15 rodadas disputadas nessa fase derradeira, foram 13 gols provenientes de jogadas com bolas lançadas na área, o que equivale a uma média de 0,86 gol por jogo.
Para efeito de comparação, os atleticanos fizeram somente 14 gols da mesma forma durante todo o Brasileiro - dois de bola parada e 12 depois de um cruzamento. O Flamengo marcou 22 vezes.
"No começo [do campeonato] nós tínhamos um meio de campo com Moisés, Tchê Tchê e Cleiton Xavier. Os três tinham a chegada de Guedes, Dudu e Jesus. Era natural que tivesse uma saída de bola melhor. Eles sabem jogar na frente. Com o passar do tempo o adversário vai te entendendo, vão tirando proveito dessas situações", explicou o técnico palmeirense Cuca.
Xavier sofreu com lesões e com a falta de ritmo durante a temporada, o que obrigou o treinador a realizar algumas mudanças na forma de jogar.
"São situações que durante o campeonato nós tentamos encorpar outro time, outra situação. São diversos fatores que fazem que você tenha uma queda de produção. E é nítido que nós tivemos uma queda", completou.
Com o jogo mais pragmático, o Palmeiras tem um aproveitamento de 75,5% no turno decisivo, o melhor do Campeonato Brasileiro.
Diferentemente do Palmeiras, o Atlético-MG aposta principalmente nas infiltrações após trocas de passes para chegar ao gol.
A equipe comandada por Marcelo Oliveira é a que mais balançou as redes com infiltrações pelo meio e pelos lados do campo -21. Quando dirigiu o Palmeiras em 2015, o treinador era criticado pelo excesso de chutões que seu time dava ao longo dos jogos.
Thomas Santos/Agif/Folhapress | ||
Jogadores do Atlético-MG comemoram gol sobre o América-MG |
A equipe mineira é seguida pelo vice-líder Santos, que também tem como marca registrada o toque de bola e a individualidade de seus jogadores. Dos 53 gols marcados no Nacional, 19 saíram de infiltrações tanto pelo meio quanto pelas laterais. O clube também é o que mais marcou com chutes de fora da área: foram oito no total.
"Foi um conceito que começamos a trabalhar em cima desde a nossa chegada. Eles começaram a perceber essa diferença e hoje aplicam dentro de campo", afirmou o técnico santista Dorival Júnior, na equipe desde 2015.
Divulgação/Flamengo | ||
Jogadores do Flamengo comemoram vitória contra o Fluminense por 2 a 1 |
Segundo Leonardo Porto, analista de desempenho do Santos, o time do ano passado não tinha números satisfatórios. Logo na pré-temporada foi passado aos atletas um "estilo de jogo", com o toque de bola sendo o a principal chave.
Todos assimilaram bem a proposta, e na atual edição do Brasileiro o clube tem os dois melhores passadores de bola. De acordo com o site Footstas, Victor Ferraz e Renato tem os melhores desempenhos no quesito. O primeiro deu 1.635 passes certos contra 1606 do segundo.
"Nós percebemos que com o passar do tempo eles começaram a querer saber se essa superioridade surtia efeito. Tínhamos 75% de aproveitamento nos passes e hoje temos 85%", completou Porto.
O Santos recebe o Vitória, nesta quinta, na Vila Belmiro às 19h30.
Guilherme Dionizio/Photo Press/Folhapress | ||
Ricardo Oliveira comemora gol sobre o Atlético-PR |
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