Vice-presidente de Del Nero viajou para ilha paradisíaca às custas da CBF
Ariel Subirá/Futura Press/Folhapress | ||
Coronel Antonio Carlos Nunes durante coletiva na sede da CBF, no Rio |
O paraense Antonio Carlos Nunes, 78, aproveitou o avião da CBF no período de quase três meses em que esteve no comando da entidade.
Substituto de Marco Polo Del Nero entre janeiro e abril deste ano, durante sua licença da confederação, o coronel Nunes, como gosta de ser chamado, usou o jato da CBF para viajar para a paradisíaca Fernando de Noronha e para o Rio Grande do Norte.
O arquipélago que pertence a Pernambuco é uma das últimas fronteiras do futebol brasileiro. Lá, não existem clubes profissionais. Apenas times amadores que disputam campeonatos de várzea.
A Folha teve acesso à planilha de voo do cartola, que embarcou no moderno avião de prefixo PP-AAD.
A viagem começou na noite do dia 1º de abril e só terminou no dia 5 do mesmo mês. O cartola embarcou na sexta-feira (1º), às 19h02, em direção a Natal, capital do Rio Grande do Norte. No dia seguinte, sábado (2), ele seguiu para Fernando de Noronha.
Segundo o documento, no qual não constam os nomes dos acompanhantes, o paraense chegou à ilha às 12h20 e só deixou Fernando de Noronha no domingo, dia 3.
A bordo no avião da CBF, o policial militar aposentado e presidente da Federação Paraense de Futebol voltou para Natal e ficou durante todo o dia seguinte no Estado.
Segundo o registro, o retorno ao Rio foi feito no Cessna 680 na terça-feira (5), às 12h.
O fretamento de um avião para realizar o mesmo trajeto custa cerca de R$ 130 mil.
Em 2014, dois anos depois de renunciar à presidência da CBF, Ricardo Teixeira voltou de Miami para o Rio com a filha no avião. A CBF alegou que a aeronave estava em manutenção nos EUA e deu "uma carona" para Teixeira.
MANOBRA
Coronel Nunes substituiu Del Nero em janeiro após uma manobra da cúpula da CBF.
Em dezembro, o paraense foi eleito vice-presidente da confederação na vaga aberta por José Maria Marin, que havia sido preso em maio.
A manobra, classificada de "golpe" pelo senador Romário (PSB-RJ), evitou a posse do presidente da Federação Catarinense de Futebol, Delfim Peixoto, 75, outro vice-presidente, mas opositor de Del Nero. Pelo estatuto da entidade, o vice mais velho assume o poder em caso de ausência do mandatário.
Nunes é passageiro frequente no avião da CBF. Ele gosta de acompanhar a delegação da seleção principal em jogos pela América do Sul.
No último dia 9, foi internado às pressas em Belo Horizonte na véspera da partida contra a Argentina.
Ele passou mal no hotel da seleção logo após o café da manhã e ficou uma noite em observação no hospital. Atualmente, o cartola ocupa uma função decorativa na CBF.
O presidente Marco Polo Del Nero voltou ao cargo em abril. Em dezembro, ele havia se licenciado após ter sido acusado pelo FBI de ser beneficiário de um esquema de recebimento de propina na venda de direitos de torneios no país e no exterior.
Marin, seu antecessor na CBF, cumpre prisão domiciliar nos Estados Unidos sob a mesma acusação.
OUTRO LADO
A CBF diz que Antonio Carlos Nunes viajou para Fernando de Noronha para se encontrar com dirigentes da associação de futebol local.
Segundo a nota da CBF, o convite foi feito por José Vanildo, presidente da Federação Norte-Rio-Grandense de Futebol. Vanildo é incentivador do desenvolvimento do futebol no arquipélago, de acordo com a entidade.
Já a parada em Natal foi feita para prestigiar a posse do presidente da Fenapaf (Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol), Felipe Augusto Leite.
"O então presidente em exercício esteve em Natal, onde participou da posse do presidente da Fenapaf. Aproveitando sua estada na região, deslocou-se até Fernando de Noronha, onde realizou encontro com os dirigentes da Associação Noronhense, a convite da presidência da Federação Norte-Rio-Grandense de Futebol", afirma.
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