'Cidade parou, como se todos tivessem perdido um familiar', diz torcedor
Integrante da torcida organizada Raça Verde, o torcedor Everton Pereira há dez anos planeja as viagens que o grupo faz para acompanhar a Chapecoense.
Diante da distância –e consequentemente do alto custo– há poucos dias eles desistiram de ir a Medellín para o primeiro jogo da final da Copa Sul-Americana. Mas se concentravam, animados, em organizar a ida a Curitiba, onde ocorreria a partida final.
Arquivo Pessoal | ||
Everton Pereira (à esq.) ao lado do lateral Gimenez |
"Só quem tem mais condições [financeiras] consegue ir [a locais como a Colômbia], porque é muito caro. E a gente costuma fazer as nossas viagens de ônibus, e era muito longe para chegar lá", contou ele à BBC Brasil.
A animação, porém, chegou ao fim. Pereira acordou na madrugada com uma ligação da mãe, que mora na capital paranaense, com a notícia da tragédia envolvendo o avião que levava a equipe para a cidade colombiana.
"Eu estava organizando uma viagem com 80 ônibus que iriam sair daqui de Chapecó para Curitiba para acompanhar o jogo de volta da final. E aí minha mãe me liga de lá com a notícia chocante. Eu decidi nem abrir minha empresa hoje, a cidade está muito abalada", contou ele à BBC Brasil.
O torcedor relata que Chapecó, município com pouco mais de 200 mil habitantes, parou.
"Passei no estádio antes de vir para a empresa e tem muita gente lá. A cidade parou, tem muito comércio e empresas como a minha que decidiram não abrir as portas", diz.
"Todo mundo quer ficar junto, a cidade é pequena e a gente encontra os jogadores direto, é como se todos tivessem perdido membros da família."
Pereira estava organizando um churrasco para levantar fundos para a torcida organizada e que seu último contato com o time foi com o lateral direito Gimenez, morto no acidente.
"Ele ia nos dar uma camisa autografada e viria para o evento para dar uma força, estava superanimado com a trajetória da Chape até agora, estava todo mundo empolgado."
Segundo o torcedor, todos os apoiadores do time devem se concentrar no estádio para demonstrar suporte aos jogadores que não viajaram e às famílias das vítimas. "Todo mundo quer ficar próximo agora, se ajudar."
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