Sofrimento e até homenagens após tragédia preocupam Chapecoense
Trinta e seis dias depois de ter sofrido com a maior tragédia que vitimou 71 pessoas, entre jogadores, funcionários, jornalistas e dirigentes do clube, a Chapecoense voltou a pisar num gramado nesta terça (3). A equipe catarinense enfrentou o Nova Iguaçu-RJ em sua estreia pela Copa São Paulo de futebol júnior, e foi derrotada por 2 a 0.
A cidade de Porto Feliz, a 120 quilômetros da capital, foi a escolhida para receber a partida. E seus moradores reproduziram a empatia coletiva que embalou a Chape desde que quase todos os jogadores do time profissional morreram em acidente aéreo em Medellín, na Colômbia.
A arquibancada do estádio Ernesto Rocco, com capacidade para 5 mil torcedores, estava ocupada pela metade. Eles se vestiram com camisas da equipe e cantaram o já internacional grito de "vamos, vamos, Chape".
Na entrada ao gramado, o locutor do estádio solicitou que se fizesse um minuto de aplausos ao time catarinense. As equipes seguraram faixas nas quais se lia "somos mais que 11, somos todos Chapecoense" e "somos o recomeço #forçaChape".
Gabriel, 18, lateral direito, nasceu em Chapecó e frequenta as arquibancadas da Arena Condá desde pequeno, "quando ninguém nem sonhava com a Série A". Atleta há cinco anos, ele se emociona ao falar da tragédia.
"A gente sentiu bastante, mas tenta ser forte. O maior exemplo que eles deixaram para nós foi de superação. Vamos superar o que aconteceu e honrá-los", diz ele, que não entrou em campo.
"É um sentimento difícil de explicar mesmo, não é comum. Vamos dar o nosso melhor sempre para levar o nome deles. Não podemos fazer mais do que isso: o máximo que está ao nosso alcance", completa, chorando ao lembrar que o retorno a Chapecó será penoso -os jogadores da equipe principal, seus amigos, estariam voltando de férias nesse período.
Aos 15 minutos do segundo tempo, Natan, do Nova Iguaçu, abriu o placar em Porto Feliz, para decepção dos presentes. Dezessete minutos depois, ele ampliaria a vantagem, definindo o resultado final.
PRESSÃO
Emerson Cris, técnico da Chapecoense, disse após a partida que toda a expectativa em torno dos garotos pode estar atrapalhando.
"Eu acho que chegou o momento que [a torcida] está atrapalhando. São meninos muito jovens e que estão carregando um peso muito grande nas costas", disse, ressaltando que tenta blindá-los.
"A gente tenta fugir do assunto, mas na hora do hino, já tinha uma faixa. A todo momento vem à tona a imagem", completou o treinador.
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