Time feminino recoloca Amazonas no mapa do futebol brasileiro
O Amazonas teve seu último representante na elite do Brasileiro em 1986, quando o Nacional-AM foi rebaixado para a Série B. Trinta e um anos depois, o Estado reaparece no mapa do futebol, mas agora a vez é das mulheres.
Fundado em 2011, o Iranduba se tornou a sensação do Brasileiro feminino. Após encerrar a primeira fase do torneio com a segunda melhor campanha no geral, com 36 pontos –um a menos que o Corinthians–, a equipe joga por um empate sem gol ou até por um 1 a 1 diante do Flamengo, atual campeão, nesta quarta (21), às 21h, na Arena da Amazônia, para avançar à semifinal do torneio.
Na primeira partida, realizada no Rio, na última quinta-feira (15), os times empataram por 2 a 2. O clube amazonense vencia por 2 a 0 até os 42 min do segundo tempo, mas cedeu o empate no fim.
Se avançar de fase, esta será a melhor campanha do "Hulk da Amazônia" (como é apelidada a equipe). Nos três primeiros anos em que disputou o Brasileiro, 2013, 2014 e 2015, caiu na primeira fase. No ano passado, foi eliminado na segunda (equivalente às quartas de final).
Michael Dantas/Folhapress | ||
Treino da equipe do Iranduba (AM) sensação do campeonato Brasileiro de futebol feminino |
Para deixar de ser apenas um coadjuvante e se tornar um dos candidatos ao título, o Iranduba saiu do óbvio. Pediu licença do Campeonato Amazonense masculino para poder custear e manter um time feminino em condições de brigar pelo título nacional.
"Resolvemos apostar forte no futebol feminino porque tem muito mais credibilidade do que o masculino. É uma modalidade que você não enriquece do dia para a noite. Quando existe um projeto vitorioso as pessoas depositam confiança", afirma o diretor de futebol do clube, Lauro Tentardini, 29, que exerceu a mesma função no Kiderman, time catarinense que serviu de base para formar o atual grupo do clube amazonense.
Das 34 atletas do elenco, 17 atuaram na equipe do Oeste Catarinense. Outras seis são oriundas do Amazonas.
Tentardini conseguiu trazer parte das atletas após o Kiderman interromper suas atividades por um ano em virtude de uma tragédia. Josué Henrique Kaercher, treinador que levou o clube ao título da Copa do Brasil de 2015, foi assassinado por Carlos Correa, ex-técnico do time, em um hotel da cidade catarinense de Caçador, sede da equipe.
"Conseguimos atrair essas meninas através do nosso projeto. Oferecemos moradia, alimentação, transporte e faculdade. Elas vivem apenas do esporte", disse o dirigente, afirmando que a média de público do time na Arena da Amazônia é de 2.000 pessoas. Os ingressos para os jogos do time custam R$ 20.
A folha salarial é modesta se comparada aos principais times do futebol masculino –cerca de R$ 60 mil. Mas, no universo do futebol feminino, o investimento é compatível com o de grandes potências do país. O time tem a terceira maior folha salarial do Brasileiro, atrás de Santos (cerca de R$ 90 mil) e Corinthians (cerca de R$ 70 mil).
Os destaques da equipe amazonense são a volante Djenifer, 21, e a atacante Kamilla, 22, que foram convocadas pela seleção brasileira para o amistoso contra a Alemanha, marcado para o dia 4 de julho, em Berlim.
Atualmente, o futebol amazonense não tem representante nas três principais divisões do Brasileiro. O último clube que disputou a Série C foi o Fast Club, em 2008.
Neste ano, o Estado tem dois times na Série D, equivalente a última divisão Nacional: o Princesa de Solimões e o Fast Club, que estão muito perto da classificação para a segunda fase da competição.
TAFFAREL
Fundado em 2011 por um grupo de dez amigos, o Iranduba tem como sócios-fundadores Taffarel, ex-goleiro campeão da Copa do Mundo de 1994 com a seleção brasileira, e o ex-lateral Paulo Roberto. Os dois, porém, não possuem uma função ativa no clube.
"Eles permitem que a equipe use a imagem deles para conseguir patrocinadores. O Taffarel ainda não conheceu nossa estrutura pessoalmente, o que deve acontecer em julho", diz o presidente do time, João Amarildo Dutra.
A equipe foi fundada na cidade que leva o nome do time, vizinha à capital Manaus, onde as atletas moram, estudam e fazem seus treinamentos.
Na época da fundação, Manaus não tinha um estádio apto para ser usado. A Arena da Amazônia estava em construção após a demolição do Vivaldo Lima e o estádio da Colina passava por reforma para ser usado como centro de treinamento da Copa de 2014.
O único estádio disponível, então, era o Tenente Álvaro Maranhão, no município de Iranduba, que tem cerca de 47 mil habitantes e fica a nove quilômetros da capital.
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