Apoiada na defesa, Suíça busca afirmação na elite europeia

Crédito: Fabrice Coffrini/AFP Ossada suspeita de ser de João Leonardo da Silva Rocha, morto na ditadura militar, é exumada em Palmas do Monte Alto (BA)
Shaqiri, principal jogador da Suíça, atua pelo Stoke (ING)

GIANCARLO GIAMPIETRO
DE SÃO PAULO

Alemanha, Espanha e Inglaterra são três campeãs com a ida assegurada para a Copa de 2018. Elas fazem parte de um pequeno grupo de seleções europeias classificadas para todos os Mundiais desde 2006.

Nesta terça (10), a Suíça tem a chance de ampliar essa lista para um quarteto. Para isso, joga pelo empate com Portugal, em Lisboa –apenas três pontos separam os times. Até agora, os suíços têm 100% de aproveitamento.

"É algo que nos deixa orgulhosos, mas obviamente não somos uma nação grandiosa em termos de futebol, como Alemanha, Espanha ou Inglaterra", disse à Folha o porta-voz da federação suíça, Marco von Ah.

"Ainda nos falta a consistência de grandes resultados contra essas seleções clássicas. Mas atingir o nível em que estamos já é algo difícil o bastante. Mais duro ainda é nos manter nesse patamar."

Líder do Grupo B, a Suíça é, além da Alemanha, a única seleção das eliminatórias para a Copa, em qualquer continente, a ter vencido todas as suas partidas até aqui. Em nove rodadas, anotou 23 gols e levou cinco.

A solidez defensiva tem sido um padrão para o país, passando de uma geração para a outra. Na Copa de 2006, caiu nas oitavas sem ter sua meta vazada. Quatro anos depois, levou só um gol em três jogos, contra o Chile, tendo contido até o ataque dos campeões mundiais espanhóis.

No Brasil-2014 as coisas desandaram, com direito a goleada aplicada pelos franceses por 5 a 2, em Salvador.

Nesta terça, o desafio de seu sistema defensivo será conter um certo Cristiano Ronaldo, astro do Real Madrid, da Espanha.

Atual dono do título de melhor do mundo e favorito a conquistá-lo novamente em 2017, o astro português vive fase assombrosa nas eliminatórias, com 15 gols em oito jogos. No primeiro duelo entre os países, em 6 de setembro de 2016, semanas depois da conquista da Euro, o craque foi poupado, e os suíços venceram por 2 a 0, em casa.

Por causa do saldo de gols, vitória portuguesa mandaria a Suíça para a repescagem.

CAPTAÇÃO

Com estimativa de 8,3 milhões de habitantes, a Suíça não está nem entre os 15 países europeus mais populosos.

Um cenário que pede à federação trabalho minucioso na busca e desenvolvimento de talentos. O resultado é a consistência alcançada por sua seleção adulta.

"Os 1.450 clubes do país receberam diretrizes sobre treinos, condicionamento físico, amparo psicológico e muito mais", disse Von Ah.

A população total pode não ser das maiores, mas é variada. Breve espiada na lista de atletas durante as eliminatórias mostra sobrenomes como Shaqiri, Seferovic e Xhaka (jogadores de maior destaque na seleção), além de Fernandes, Rodríguez, Mehmedi, entre outros de origem multicultural.

Algo nem sempre aceito em um continente que convive com a ascensão de movimentos conservadores.

Referendo popular em fevereiro deste ano aprovou a simplificação das regras para naturalizar os netos de imigrantes. O "sim" ganhou com 60,4%, mas a votação ofereceu plataforma a grupos que bradavam contra a suposta ameaça de uma "superpopulação estrangeira e aumento do número de muçulmanos".

"A seleção mostra como o país tem integrado estrangeiros com sucesso. Essa diversidade também valoriza nossas seleções", disse Von Ah. "A ideia é reforçar isso com nossos clubes. Temos projeto para dar apoio na integração de mais imigrantes."

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