Aconselhado pelo pai a não ser goleiro, Caíque será titular do Corinthians
Rubens Cavallari/Folhapress | ||
Caíque França faz defesa na campanha do título do Corinthians na Copa São Paulo de 2015 |
O metalúrgico Roberto Godoy, 52, aconselhou o filho a mudar de posição no futebol. Goleiro, não.
"Ele poderia escolher qualquer uma na linha. Goleiro é a posição mais importante, mas a menos valorizada. Quem tem visibilidade é atacante", afirma.
Teimoso, como só os filhos podem ser, Caíque França, 22, não deu atenção. Seguiu em frente. A recompensa pode vir a partir deste sábado (11), quando será titular do Corinthians na partida contra o Avaí, às 19h, no Itaquerão.
Como Cássio está com a seleção e deve chegar a São Paulo apenas na quarta (15), Caíque pode ser titular também diante do Fluminense. Jogo que pode garantir o sétimo título brasileiro do time.
A família de corintianos estará presente no estádio para torcer, nervosa, pelo goleiro. A mãe Selma, o irmão Cauã e a namorada de Caíque vão ao Itaquerão.
"A gente fica emocionado. Mas ele não mostra nervosismo", diz o pai, feliz pelo filho ter ignorado seu conselho.
Caíque conhece o clube de cabo a rabo. Chegou aos sete anos para jogar futsal. Não saiu mais. Segue os passos do Ronaldo Giovanelli, escalado de surpresa aos 20 anos para clássico contra o São Paulo, no Paulista de 1988. O Corinthians venceu e ele ficou como titular até 1998.
Caíque considera vê a convivência com Cássio, Walter e o treinador de goleiros Mauri é como uma faculdade.
"Ele está adaptado ao Corinthians, se sente em casa. Tenho certeza que não vai ter nervosismo por atuar em uma partida importante", afirma o ex-jogador Fabinho, integrante do elenco corintiano campeão brasileiro de 1990.
Fabinho trabalha com o ex-zagueiro Marcelo Djian, empresário de Caíque.
O goleiro, que mora na Vila Matilde, é precoce. Foi chamado para disputar a Copa São Paulo pela 1ª vez aos 16 anos. Jogou o torneio quatro vezes e foi campeão em 2015.
Também está habituado a ser chamado em momentos de emergência. No ano passado, em partida contra o Botafogo, em junho, substituiu Cássio, que passou mal.
"O futebol não avisa, manda recado. Temos de estar sempre preparados", disse.
Antes disso, em maio, estava em casa, pronto para assistir à partida contra o Grêmio pela televisão, quando recebeu o telefonema. Matheus Vidotto, que seria o reserva de Walter, sentiu lesão no aquecimento. Ele foi o mais rápido que pôde para o Itaquerão. Chegou com a partida em andamento.
Caíque tem quatro jogos em 2017. Nenhum se compara à pressão de enfrentar o Avaí. Foi por momentos assim que ele desafiou a vontade do pai. "Não queria ter um filho goleiro. Agora tenho dois", brinca Roberto.
Cauã, 16, irmão de Caíque, joga na base do Juventus.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade