Ver Mundial de trem pelo interior da Rússia será maratona para fã

Crédito: Maxim Shemetov/Reuters A general view on Rostov Arena stadium is seen under construction ahead of the 2018 FIFA World Cup in Rostov-On-Don, Russia August 20, 2017. REUTERS/Maxim Shemetov DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM
Rostov Arena é o estádio em que o Brasil vai estrear na Copa contra a Suíça, dia 17 de junho

FÁBIO ALEIXO
DE SÃO PAULO

O torcedor que quiser acompanhar a seleção brasileira na Rússia no próximo ano poderá se deslocar dentro do país sem precisar desembolsar um rublo sequer.

Assim como já ocorreu na Copa das Confederações, entre junho e julho deste ano, o COL (Comitê Organizador Local), em parceria com o Ministério dos Transportes, colocará à disposição dos torcedores 576 trens extras. Todos eles com uso gratuito e de propriedade da RZD, a companhia estatal ferroviária.

"O transporte gratuito para os torcedores foi um item que colocamos em nosso documento de candidatura. E fomos muito bem no teste realizado na Copa das Confederações", afirmou Alexei Sorokin, diretor do COL.

A expectativa dos organizadores é que cerca de 330 mil passageiros usem o serviço para se locomover entre as 11 cidades-sede do torneio. Moscou será o ponto central de onde sairão os veículos.

Porém, quem quiser utilizar os trens que se prepare.

Em um país de dimensões continentais como a Rússia, as distâncias são grandes.

Diferentemente de muitas nações europeias, os trens não são de alta velocidade.

A exceção é o Sapsan, que une Moscou e São Petersburgo. Entretanto, ele não entra na cota dos gratuitos.

Assim, dormir no trem será algo corriqueiro para os fãs das 32 seleções da Copa.

O brasileiro que estiver em Moscou, ponto de chegada da maioria dos voos internacionais, e decidir ir para Rostov-do-Don ver a estreia contra a Suíça passará ao menos 17 horas sobre os trilhos.

Isso se conseguir reservar um lugar neste trem. Na outra opção disponível, o deslocamento tardará exatas 24 horas e nove minutos.

Se tivesse de pagar, o turista desembolsaria no mínimo US$ 28 (R$ 93) por um lugar na terceira classe, podendo chegar a US$ 167 (R$ 474) por um leito na primeira.

Achou muito o tempo citado anteriormente? Poderia ser ainda pior. O que dizer de torcedores de países como Portugal, Espanha e Alemanha, entre outros, que poderão gastar 37 horas para chegar à litorânea Sochi, localizada à beira do Mar Negro?

Na dança das bolinhas no sorteio, a geografia ajudou o fã da seleção brasileira.

Para o segundo jogo, em São Petersburgo, contra a Costa Rica, a viagem da capital durará entre 7h57 e 8h16.

Com a última partida em Moscou, contra a Sérvia, não haverá necessidade de mais uma viagem. Mas, a partir das oitavas de final, será a hora de tomar novamente o caminho das estradas de ferro.

A rota ainda dependerá da posição final do Brasil no Grupo E. A primeira colocação na chave forçará uma viagem de até 18 horas para a Samara, por exemplo.

Obviamente, dormir em um trem não dá ao viajante o mesmo conforto de passar a noite em uma boa cama de hotel ou de um albergue.

Os trens russos, porém, contam com uma boa estrutura. Cada passageiro tem ao seu dispor um leito próprio em compartimentos que podem variar de quatro a seis.

Roupa de cama e travesseiros são fornecidos sem custos extras. Há também vagão-restaurante onde é possível adquirir alimentos e bebidas.

A maioria das viagens será noturna, com os trens saindo de Moscou na véspera de cada partida e chegando a seu destino com ao menos de seis horas dos jogos.

Horas após a partida ou no dia seguinte sairão trens de retorno para Moscou. Dependendo do itinerário, nem será preciso reservar acomodação na cidade dos duelos.

Para se fazer uso dos trens, é preciso ter a Fan ID (identidade do fã, documento exigido pelas autoridades russas para se ter acesso ao estádio e que também serve como visto de entrada no país) e ingresso para os jogos. A passagem é emitida no site tickets.transport2018.com.

Na página, disponível apenas em russo e inglês até o momento, também é possível ver a escala de todos os trens durante a Copa Ela estará completa até o dia 15.

"Temos a tarefa de oferecer um bom sistema de viagens e cumpriremos esta missão", afirmou Terenti Mescheriakov, responsável pelo órgão criado pelo Ministério dos Transportes para cuidar apenas de Copa do Mundo.

Além do transporte entre as sedes, torcedores poderão utilizar o transporte público nas cidades nos dias dos jogos sem pagar nada a mais por isso. Terão acesso a metrôs, ônibus e trólebus.

Linhas especiais serão criadas dentro dos municípios e anunciadas mais próximas à data de início do torneio.

A gratuidade, entretanto, não se aplicará ao Aeroexpress, trem que liga os três aeroportos de Moscou (Domodedovo, Sheremetievo e Vnukovo) com o centro.

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