DANIEL E. DE CASTRO
FÁBIO ALEIXO
DE SÃO PAULO

A contaminação cruzada de suplementos em farmácias de manipulação tem sido um tormento para os atletas brasileiros ao longo dos últimos anos. Esse é o argumento mais utilizado em suas defesas em casos de doping.

Foi o que aconteceu com Thomaz Bellucci, flagrado com a substância hidroclorotiazida em torneio em julho e suspenso por cinco meses a partir de 1º de setembro, podendo voltar às quadras a partir de 31 de janeiro.

O primeiro caso mais emblemático nesta década foi o de Cesar Cielo, em julho de 2011, quando foi flagrado com o diurético furosemida e correu o risco de perder o Mundial daquele ano, em Xangai, e os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012.

Ele recebeu apenas uma advertência da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos).

A decisão desagradou à Fina (Federação Internacional de Natação), que entrou com recurso na Corte Arbitral do Esporte. O órgão manteve a advertência, dada também a Nicholas Santos e Henrique Barbosa, flagrados com a mesma substância.

O nadador Vinicius Waked, que era reincidente em doping e estava no grupo, foi suspenso por um ano, mesmo provando a contaminação.

Em fevereiro de 2015, o nadador João Gomes Junior recebeu seis meses de suspensão da Fina após ser pego com o diurético hidroclorotiazida no Mundial de piscina curta de 2015. Ele também alegou contaminação.

Em fevereiro de 2016, a velocista Ana Cláudia Lemos foi flagrada com o anabolizante oxandrolona. Em julgamento em maio, ela foi suspensa por apenas cinco meses após provar a contaminação. Acabou liberada a tempo de competir na Olimpíada, mas uma lesão no joelho a impediu de ir à pista.

Em 2017, o jogador de vôlei Murilo foi suspenso por oito meses após testar positivo para o diurético furosemida e alegou contaminação.

"O Brasil está sofrendo um problema crônico nas farmácias de manipulação. Elas parecem não tomar as medidas necessárias e não seguir normas da Anvisa para evitar a contaminação cruzada. Pode custar a carreira do atleta, sua aposentadoria. É um problema de saúde pública que precisa ser enfrentado com muita seriedade", afirmou Pedro Fida, advogado de Bellucci.

"O Thomaz está pagando pelo erro de terceiros. Vamos tomar todas as medidas judiciais cabíveis contra os responsáveis e exigir uma fiscalização dessas farmácias. A fiscalização das farmácias de manipulação em países da Europa e nos EUA é muito mais rígida", completou o advogado.

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